Em setembro, o Brasil se une para discutir um tema urgente: a saúde mental e a prevenção ao suicídio. O "Setembro Amarelo" tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância de cuidar da saúde mental e quebrar tabus. Para entender melhor o assunto, a equipe da Rádio Cidade Ibirubá recebeu nos estúdios os psicólogos Jéssica Coleto e Vitor Nascimento, ambos profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) "Novo Rumo", da cidade.
O CAPS é um serviço essencial na rede de saúde pública, voltado para o atendimento de pessoas com transtornos mentais graves e persistentes. Ele funciona de forma multidisciplinar, com uma equipe composta por psicólogos, assistentes sociais, médicos e outros profissionais, para proporcionar suporte integral aos pacientes. Como explicou Vitor Nascimento, “o CAPS de Ibiubá é relativamente novo, completando dois anos de atuação, mas já tem feito uma grande diferença na vida das pessoas que o procuram”.
Durante a entrevista, os psicólogos abordaram a complexidade da saúde mental e a influência da pandemia nesse cenário. Vitor destacou que, embora a pandemia tenha potencializado o sofrimento psicológico, muitos fatores já estavam presentes antes desse período: “A pandemia foi um catalisador. Nos obrigou a olhar mais para dentro, a ficar introspectivos. Mas já faz tempo que a nossa saúde mental vem sofrendo, principalmente com o ritmo acelerado da vida moderna.”
Jéssica Coleto também apontou que, em muitos casos, a origem dos problemas mentais está no estilo de vida contemporâneo, que impede as pessoas de refletirem sobre seus sentimentos. “Vivemos num ritmo tão acelerado que não conseguimos parar para pensar em como nos sentimos. Isso nos desconecta de nós mesmos e, muitas vezes, só nos damos conta quando já estamos em crise”, afirmou.
Um dos grandes desafios apontados pelos profissionais é a dificuldade de as pessoas falarem abertamente sobre saúde mental. Vitor destacou o preconceito e a banalização do sofrimento, frequentemente rotulado como "mimimi": “Muitas vezes, as pessoas minimizam problemas como ansiedade e depressão, dizendo que é frescura ou algo fácil de resolver, quando, na verdade, são questões profundas que exigem atenção.”
Com relação ao trabalho no CAPS, Jéssica explicou que a equipe lida com uma alta demanda e que o atendimento vai além da consulta individual. “Atendemos uma grande quantidade de pessoas, e isso nos frustra em alguns momentos porque vemos que não conseguimos suprir toda a demanda. O tratamento de saúde mental é de longo prazo, e o CAPS é voltado para transtornos graves e persistentes”, ressaltou.
Além dos atendimentos agendados, o CAPS realiza oficinas terapêuticas e trabalha em conjunto com a rede básica de saúde, como explicou Vitor: “Temos uma equipe multidisciplinar para dar suporte integral aos pacientes, e também oferecemos capacitação para a rede de saúde lidar com casos mais simples.”
Durante o mês de setembro, a equipe do CAPS está promovendo diversas atividades para conscientizar a população. Entre as ações planejadas, destacam-se a distribuição de panfletos, blitzes informativas e palestras em escolas, com o objetivo de orientar sobre os sinais de alerta e formas de buscar ajuda. “A ideia é expandir o conhecimento sobre saúde mental e mostrar que é possível buscar ajuda, mesmo sem um diagnóstico fechado. Estamos aqui para apoiar”, afirmou Jéssica.
Os psicólogos destacaram a importância de que as pessoas entendam que o tratamento não é apenas farmacológico, mas envolve, muitas vezes, terapias que ajudam na reorganização interna. Jéssica explicou que, em muitos casos, a simples abertura para falar sobre o que se sente já é um passo significativo para a recuperação: “Nosso trabalho é proporcionar um espaço seguro para que as pessoas falem sem julgamento. Muitas vezes, isso ajuda a pessoa a encontrar um fio condutor para superar suas dificuldades.”
O Setembro Amarelo serve para lembrar que a saúde mental deve ser uma preocupação constante e que todos podem ajudar. Se você ou alguém que conhece está passando por momentos difíceis, não hesite em procurar ajuda. Seja conversando com um profissional ou buscando apoio na rede de saúde, o importante é não se calar diante do sofrimento.
A equipe do CAPS de Ibirubá está disponível para apoiar a comunidade, oferecendo atendimento especializado e reforçando a importância de um olhar cuidadoso para as questões emocionais. A prevenção ao suicídio e o cuidado com a saúde mental começam pela conscientização, e todos podem fazer a diferença.