
Editor-chefe do O Alto Jacuí, Cristiano Lopes do Nascimento compartilha sua conexão com o jornalismo impresso e a importância de preservar a memória e a essência da notícia, mesmo em tempos de digitalização
Cinquenta anos não são apenas um marco, mas um testemunho do tempo. O Jornal O Alto Jacuí celebrou seu meio século de existência com um evento que reuniu aqueles que fazem parte dessa história – jornalistas, leitores, lideranças e colaboradores. Mas, além das homenagens e reconhecimentos, essa foi também uma oportunidade para refletir sobre o papel do jornalismo impresso na era digital.
Entre os profissionais que vivem essa trajetória de perto, Cristiano Lopes do Nascimento, editor-chefe do O Alto Jacuí, trouxe um depoimento que traduz não apenas sua relação com o jornal, mas com o jornalismo como um todo. Nascido em 1977, dois anos depois da fundação do OAJ, ele cresceu cercado por palavras e histórias, tendo sua primeira paixão na escrita, com crônicas e poesias. O jornalismo, que parecia apenas rondá-lo, o abraçou definitivamente aos 39 anos, quando decidiu cursar faculdade na área.
"Minha relação com os jornais impressos começou muito antes de eu ser jornalista. O cheiro do papel, o barulho das teclas, a adrenalina do fechamento sempre fizeram parte da minha vida. Em 2022, ao assumir como editor do O Alto Jacuí, senti que voltava no tempo para encontrar um passado que já me pertencia", relembra.
Ao longo das décadas, O Alto Jacuí não apenas registrou os acontecimentos da região, mas também formou profissionais que entendem que jornalismo vai além de publicar notícias – é um compromisso com a verdade, a memória e a identidade de uma comunidade. Cristiano faz questão de lembrar o impacto que seu primeiro editor, Rogério Costa Rantes, teve em sua formação, ensinando que jornalismo não é apenas informação, mas escuta e persistência.
O mundo mudou, a tecnologia encurtou distâncias e acelerou o consumo de informação. Mas para quem respira jornalismo, como Cristiano, a essência continua a mesma. “O impresso resiste porque carrega a materialidade da memória, o registro palpável do tempo. Quem recorta uma reportagem e guarda, não guarda só papel, mas um pedaço de si mesmo", reflete.
Ao olhar para trás, sua trajetória se confunde com a do próprio jornal. São décadas de amadurecimento, desafios superados e uma certeza que permanece: enquanto houver histórias a serem contadas e leitores dispostos a ouvi-las, o jornalismo impresso seguirá cumprindo sua missão.