
Ao completar 100 dias à frente da Secretaria da Fazenda de Ibirubá, Jair Scortegagna apresentou um balanço crítico da situação encontrada, destacando a desorganização administrativa e o acúmulo de processos sem controle. Segundo ele, a gestão atual precisou iniciar um plano emergencial para reestruturar setores internos, recuperar a dívida ativa e retomar o controle sobre os gastos e arrecadações do município.
Em entrevista concedida ao Jornal O Alto Jacuí, o secretário da Fazenda de Ibirubá, Jair Scortegagna, fez um balanço dos primeiros 100 dias da gestão da prefeita Jaqueline Winsch e do vice-prefeito Silvestre. Com experiência de mais de 30 anos no serviço público, Scortegagna apontou os principais entraves encontrados, especialmente a desorganização interna, a queda na arrecadação e o desafio de recuperar mais de R$ 12 milhões em dívida ativa.
“Não é nosso perfil trabalhar com auditorias punitivas. Fizemos um raio-X completo da estrutura da prefeitura e o cenário é de desorganização. É um processo que vai levar tempo para ser corrigido”, afirmou o secretário, que também coordenou a equipe de transição.
Scortegagna revelou que houve uma perda de aproximadamente R$ 3 milhões na arrecadação entre janeiro e março de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. “Tínhamos uma previsão de R$ 35 milhões para o trimestre, mas entraram apenas R$ 32 milhões. Isso exige planejamento rígido para evitar comprometer o orçamento”, explicou.
Entre as ações prioritárias, a Secretaria da Fazenda intensificou a cobrança da dívida ativa, que soma R$ 12 milhões. Deste total, R$ 6 milhões já estão judicializados. Segundo ele, o município adotou o protesto em cartório para acelerar a recuperação dos valores e evitar a prescrição. “Já conseguimos negociar cerca de R$ 700 mil em apenas três meses, com aproximadamente 200 parcelamentos efetivados”, pontuou.
Sobre o perfil dos devedores, o secretário foi categórico: “Todos devem pagar. A inadimplência prejudica o coletivo. Quem paga em dia não pode ser penalizado por quem não cumpre com sua obrigação.”
Um dos pontos mais críticos apresentados na entrevista foi a situação do Arquivo Morto da prefeitura, interditado por riscos sanitários. “O local se tornou inapropriado para guardar documentos. Encontramos um ambiente tomado por umidade e fezes de gatos. Infelizmente, todo o material deverá ser descartado”, lamentou, anunciando um processo administrativo para apurar responsabilidades.
Entre as mudanças estruturais já em andamento, Scortegagna mencionou a reestruturação do setor de compras, contabilidade, patrimônio e licitações. A pasta também finaliza a elaboração de oito projetos de lei para atualizar o Código Tributário Municipal, defasado há anos. “Precisamos garantir segurança jurídica aos fiscais e clareza para os contribuintes”, destacou.
O secretário também adiantou que a revisão do Plano Diretor será realizada ainda em 2025. A administração buscará apoio técnico especializado para orientar a expansão urbana com base em estudos. “Queremos ouvir a comunidade e planejar o crescimento de forma ordenada e sustentável”, frisou.
Apesar dos desafios, Scortegagna demonstrou confiança no trabalho da equipe. “Temos consciência da responsabilidade. Trabalhamos com seriedade, respeitando a legalidade e priorizando o bem comum.