
A história de Sandra de Souza é marcada por escolhas que moldaram não apenas sua trajetória pessoal, mas também a de quem vive ao seu redor. Natural do Rincão Seco, interior de Ibirubá, Sandra cresceu entre os valores do campo e a fé ensinada pela família. Aos 12 anos, mudou-se para a cidade com a mãe, dona Eva, e começou a trabalhar como babá para ajudar nas despesas, enfrentando desafios com coragem. “Eu não me sentia bem por não ter as mesmas condições dos colegas. Então disse para a mãe: vou começar a trabalhar”, relembra.
Filha mais velha de pequenos agricultores, Sandra sempre se mostrou madura e determinada. Mesmo tímida, seu carisma se destacava: “Se eu olho uma pessoa e sinto afinidade, vou lá puxar conversa. Fiz e conservo muitas amizades assim.” Foi ainda jovem que reencontrou Vande, amigo de infância, com quem se casou e construiu uma família. Tiveram três filhos — Lennon, Maiara e Caroline — e hoje ela é também uma avó orgulhosa. “O Lucas é meu xodó”, conta, sorrindo.
O casamento, segundo ela, sempre foi baseado no respeito e no diálogo. “Não existe vida perfeita, mas quando um fala mais alto, o outro se retira e depois a gente resolve.”Há mais de 30 anos, Sandra é voluntária no Esporte Clube São José, no bairro Progresso. Começou organizando festas, depois assumiu cozinhas e até lavava os uniformes dos jogadores. “Esfregava tudo na mão, passava a noite em claro, mas fazia com gosto.” Também foi catequista e participou de ações como o Natal Solidário. Segundo ela, a motivação vem do exemplo de casa. “O Vande começou, e eu nunca consigo dizer não quando é para ajudar. Às vezes estou cansada, mas não recuo.”
Além do trabalho comunitário, Sandra também se destacou como empreendedora, produzindo marmitas, pães e bolachas por encomenda. “Tenho fregueses há quatro anos que nunca enjoaram. Prefiro fazer menos, mas bem feito.” E mesmo com tantas atividades, ainda arranja tempo para o bolão, esporte que pratica há mais de 30 anos, participando de campeonatos regionais e estaduais.
Sua fé é uma força constante. “Primeiro eu vou ao meu médico espiritual, que é Deus. Depois, se for preciso, procuro o médico terreno.” Essa confiança ajudou a enfrentar períodos difíceis, especialmente quando o marido ocupou cargos públicos. “Não é fácil ouvir inverdades, mas é preciso ter jogo de cintura e não deixar a peteca cair.”
Hoje, ao olhar para o passado, Sandra sente orgulho do caminho percorrido. “Se a menina do Rincão Seco pudesse me ver, diria: valeu a pena. Eu me acho linda e agradeço a Deus por tudo que tenho.” Com humildade e fé, ela segue firme em seu propósito. “A humildade vence barreiras. E eu só quero ver minha família bem e poder continuar ajudando.”
A entrevista completa com Sandra Iara está disponível no YouTube do Jornal O Alto Jacuí.