
A primeira experiência organizada veio na escolinha da ASIF, onde entrou como jogador de linha, mas logo assumiu a posição que se tornaria sua marca.
Roberto Refatti abriu o coração para relembrar sua caminhada no futebol e no futsal, desde os primeiros chutes na rua até os títulos mais marcantes da carreira. Nascido em 1981, filho de Jair e Carmen, irmão de Rodrigo e Rafael, ele contou que a paixão pela bola surgiu ainda na infância, quando vivia no bairro Planalto e passava horas batendo bola com os amigos em campinhos. Enquanto Rafael seguiu a música, ele e Rodrigo dedicaram-se ao esporte.
“Graças a Deus, hoje não tenho nenhuma inimizade em função do futebol, só amizades, que é o que realmente importa”, destacou.
O goleiro lembrou do início na escolinha da ASIF. No primeiro treino, jogou na linha, mas logo assumiu a posição que o acompanharia para sempre: a debaixo das traves. Incentivado pelo irmão Rodrigo e inspirado em nomes como Jacson, Ronai e Beto Gardino, construiu uma trajetória que o levaria a defender times fortes da cidade e da região. “Meu irmão falou com o professor Luiz que eu queria ser goleiro, e a partir dali comecei a pegar gosto e ganhar confiança.”
Entre tantas memórias, uma das mais vivas foi a final contra o Fortaleza nas categorias de base, quando seu time perdia por 6 a 2 e, em apenas dois minutos, buscou o empate por 6 a 6, vencendo depois no gol de ouro. Outra lembrança marcante foi enfrentar Ronaldinho Gaúcho ainda no início da carreira do craque, durante uma final em Ibirubá em 1990. “Ele ganhou o campeonato praticamente sozinho. O goleiro largava a bola, ele driblava todo mundo e fazia o gol. Foi mágico estar em quadra contra ele”, contou.
Refatti também destacou as conquistas no futsal adulto, como a final do seu time, a Asfuca, contra a Ascoprel, quando foi campeão, e a decisão da Stara/Sfil, onde estava na época, contra a Vence Tudo, quando sofreu a derrota. Ambas com o Ginasião lotado, em uma disputa que mobilizava multidões nas arquibancadas. “A Asfuca sempre foi uma equipe organizada. Tínhamos uniforme, janta nos treinos e muita amizade, isso fez toda a diferença.”
Ele recordou ainda os títulos conquistados em Quinze de Novembro, Santa Clara do Ingaí, Não-Me-Toque e Cruz Alta. Em uma dessas passagens, relatou o episódio curioso quando, jogando em Não-Me-Toque, o jogador do time adversário comemorou com um mortal após marcar o quarto gol. Dois atletas se chocaram e tiveram de sair do jogo, abrindo caminho para a virada histórica de sua equipe.
No campo, destacou a rivalidade entre Florestal e São José, lembrando da semifinal em que foi chamado de surpresa para defender o principal. “Eu tinha 17, 18 anos, e enfrentei um Florestal fortíssimo. Perdemos de 2 a 0, mas foi um jogo marcante. Depois vencemos a final contra o Juventude do Triunfo.” Outras conquistas vieram no Grêmio Aurora e nos times da EASA, onde prestou serviço militar. “Fui expulso apenas duas vezes, sempre por colocar a mão fora da área. Nunca agredi ou xinguei ninguém. Era sereno até na hora do pênalti.”
Além dos títulos, Beto ressaltou a importância da família em sua trajetória. Seus maiores torcedores sempre foram os pais, que o acompanhavam em todos os jogos, mesmo em outras cidades. Mais tarde, já casado com Kika e pai de Manu, encontrou no apoio delas a motivação para seguir batalhando. “Quando a Manu nasceu, eu já estava no fim da carreira por conta de lesões, mas hoje ela se inspira no esporte e começa a jogar vôlei. É um orgulho para mim.”
Hoje, com quase 13 anos de trabalho na Vence Tudo, Refatti mantém o espírito de dedicação que o caracterizou nos tempos de atleta. E garante que o maior legado do esporte não foram apenas as defesas, mas sim os laços construídos. “Os títulos são importantes, mas o que fica mesmo são as amizades. Onde a gente vai, sempre tem alguém conhecido, sempre tem uma lembrança boa. O esporte me deu isso.”