Com índice de amamentação exclusiva que já alcança 68%, município mostra força no trabalho intersetorial da Secretaria de Saúde; ações do Agosto Dourado incluem mamaço, rodas de conversa e oficinas
A cidade de Ibirubá tem se destacado no cenário estadual por um trabalho exemplar de promoção ao aleitamento materno. Com um índice de 68% de bebês amamentados exclusivamente até os seis meses — número acima da média nacional (57%) e estadual (55%) — o município se tornou referência e apresentou sua experiência exitosa em eventos promovidos pela Secretaria Estadual da Saúde.
Durante entrevista à Rádio Cidade e ao Jornal O Alto Jacuí, a nutricionista Clarissa Borges e a visitadora do Programa Primeira Infância Melhor (PIM), Salete Nicolodi, detalharam a atuação da equipe de saúde e as atividades programadas para o Agosto Dourado, mês que simboliza o incentivo à amamentação.
“A amamentação é a base da saúde pública, é onde tudo começa”, enfatizou Clarissa. Segundo ela, o lema de 2025 — "Priorizamos a amamentação: construindo sistemas de apoio sustentáveis" — reforça a importância de criar ambientes favoráveis para que mulheres possam amamentar com conforto, seja em casa, em locais públicos ou no trabalho.
Salete destacou que o trabalho é contínuo, com ações durante todo o ano. “Já são quatro anos de consultorias em amamentação com visitas domiciliares. Começamos lá atrás, capacitando toda a rede: agentes de saúde, enfermeiros, profissionais dos ESFs, até mesmo motoristas e profissionais da limpeza. Todo mundo fala a mesma língua em relação ao aleitamento materno”, explicou.
O diferencial de Ibirubá está no trabalho em rede e no apoio consistente dos gestores. Clarissa explica que a cidade recebeu um recurso do Ministério da Saúde por meio das oficinas da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, e isso permitiu a contratação de uma consultora especializada. “Mas mais do que recursos, é o apoio da gestão que faz a diferença”, afirmou.
A consultoria funciona de forma individualizada, com visitas em casa logo após o parto. “Muitas mães têm dúvidas ou dificuldades. Às vezes, a pega está errada, o bebê não está sugando direito, a mãe está com dor. A gente vai lá, escuta, orienta, ensina técnicas, faz o teste da linguinha, verifica sinais de icterícia. É um acolhimento”, explicou Salete. Já foram realizados mais de 500 atendimentos em quatro anos.
As dificuldades da amamentação também são abordadas sem romantizações. “Não é fácil, principalmente para mães de primeira viagem. É preciso paciência, apoio, entender que pode doer, pode cansar. A consultoria também cuida da mãe, do seu emocional”, reforçou Salete. “Às vezes, é só um olhar, um acolhimento, uma conversa. Isso faz toda a diferença.”
Um dos principais eventos do mês é o Mamaço, que ocorre neste sábado (dia 16), às 14h, na Casa de Cultura. “É uma roda de conversa com gestantes e mães, com troca de experiências, pintura nas barrigas e fala da terapeuta holística Catiana Fior. Um momento especial para celebrar e reforçar o vínculo entre mães e bebês”, convidou Clarissa.
Outro evento ocorre no dia 27 de agosto: o Curso de Casais Grávidos, realizado pela enfermeira Amanda. Neste mês, o curso terá participação de todos os profissionais da saúde em uma abordagem lúdica com teatro e oficinas.
Além disso, a cidade tem um importante suporte da rede de educação, com escolas que recebem leite materno retirado pelas mães. “Elas armazenam e oferecem esse leite com todo cuidado. Isso mantém a amamentação mesmo quando a mãe volta a trabalhar”, relatou Salete.
Clarissa também destaca os benefícios da amamentação para a saúde da mãe: “Ajuda na recuperação pós-parto, acelera a perda de peso, reduz riscos de câncer de mama e ovário, e melhora a saúde mental da mulher. Amamentar é um ato de amor, mas também de saúde”.
E para quem ainda não recebeu a visita da equipe, a orientação é clara: “Procurem sua agente de saúde ou a Secretaria. Às vezes o telefone está desatualizado no sistema, então as mães também precisam nos procurar”, reforçou Clarissa.
O sucesso de Ibirubá está na soma de esforços. “É um orgulho para nós. E saber que outras cidades querem seguir o nosso exemplo mostra que estamos no caminho certo”, finalizou Salete.
