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Com o exemplo de superação e dedicação de Deanne e Melany, o futebol feminino segue conquistando espaço e inspirando novas gerações a sonharem grande, dentro e fora das quadras.
O futebol sempre fez parte da vida de Deanne Santos. Criada no bairro Progresso, em Ibirubá, ela cresceu vendo equipes femininas se destacarem e rapidamente se apaixonou pelo esporte. Mas, além de construir sua própria trajetória como goleira, Deanne também transmitiu essa paixão para sua filha, Melany, que hoje desponta como uma promessa do futebol feminino.
Desde pequena, Melany acompanhava a mãe nos treinos e jogos. “Eu ficava ao redor, jogando na pracinha de areia, mas sempre de olho na minha mãe e nas meninas mais velhas”, lembra. O talento da jovem logo chamou atenção, e ela começou sua jornada em escolinhas de futebol, enfrentando desafios desde o início. “Em Selbach, onde morávamos, não aceitavam meninas na escolinha. Os pais dos meninos diziam que seus filhos não jogariam de igual para igual com meninas”, conta Deanne.
Sem espaço na cidade natal, Melany buscou oportunidades em outras regiões. Passou por escolinhas em Ibirubá, Colorado e, depois, ingressou no time URF, de Roque Gonzales. Lá, conquistou títulos estaduais nas categorias sub-13, sub-15 e sub-17. Em 2023, seu talento a levou para Chapecó, onde foi federada pelo futebol catarinense e disputou campeonatos importantes no campo e no futsal.
Entre suas principais conquistas estão o título do Campeonato Catarinense sub-17, o terceiro lugar no Catarinense sub-20 de campo e a participação na final do Gauchão sub-17 de campo com o Elite, de Santo Ângelo. Além disso, Melany jogou o Brasileiro Escolar sub-16 e sub-18, conquistando o vice-campeonato na categoria mais alta. “Foi uma experiência incrível jogar em estádios como o do Criciúma. A emoção de estar ali, representando minha equipe, é indescritível”, conta.
A trajetória de Deanne e Melany não foi feita apenas de vitórias dentro das quatro linhas. Fora delas, mãe e filha enfrentaram grandes desafios, como a batalha de Deanne contra o câncer. “Foi um momento muito difícil, mas o futebol me deu forças. Tratei a doença como um jogo: se eu não lutasse, não venceria”, explica.
Para Melany, a mãe sempre foi a principal inspiração. “Quando minha mãe fez a cirurgia e eu tive que viajar para um campeonato escolar, chorei muito antes do jogo. Mas joguei por ela. Quando vencemos, foi como se aquela medalha fosse dela”, relembra emocionada.
Hoje, Melany está em Ibirubá para um tratamento no joelho, após uma lesão séria sofrida durante uma partida em Santa Catarina. O planejamento é se recuperar completamente antes de retornar ao futebol competitivo. “O esporte exige que estejamos 100% fisicamente. Quero me tratar bem para poder continuar jogando por muitos anos”, afirma.
Com anos de experiência no futebol feminino, Deanne destaca a importância do apoio para o crescimento da modalidade. “Ainda falta incentivo, principalmente nas cidades pequenas. Mas temos muitas meninas talentosas na região. Com estrutura, elas podem ir longe”, aponta.
Melany, por sua vez, ainda está decidindo seu futuro. Além do futebol, nutre uma paixão por medicina veterinária e rodeios. “Por enquanto, estou curtindo o momento, descobrindo se é isso que quero seguir como carreira. Mas, independentemente do que eu escolher, o futebol sempre será parte da minha vida”, diz.