
Com 4 mil mini lavouras em uma área de seis hectares, a empresa Pesquisa Agro, fundada pelas agrônomas Juliane Nicolodi Camera e Camila Ranzi, transforma ciência em produtividade para o produtor rural, aliando conhecimento acadêmico e inovação de campo.
No Passo Bonito, interior de Ibirubá, duas doutoras apaixonadas pelo agro decidiram unir conhecimento acadêmico e prática de campo. Juliane Nicolodi Camera e Camila Ranzi fundaram a PesquisAgro, empresa especializada em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias voltadas ao agronegócio.
Juliane é natural de Ibirubá, formada em Agronomia pela Universidade de Passo Fundo, onde também fez mestrado e doutorado em fitopatologia. Passou por um doutorado-sanduíche nos Estados Unidos, trabalhando com doenças em soja e milho. Camila, natural de Espumoso, possui formação semelhante. “A gente trabalha com doenças de plantas. Era um sonho desde a faculdade montar essa estrutura e levar informação de qualidade ao produtor”, conta Juliane.
A área experimental tem cerca de 6 hectares e mais de 4.000 parcelas. As culturas pesquisadas são soja, milho, trigo e agora também canola. “Cada parcela é uma mini lavoura. Realizamos tratamentos com quatro repetições, seguindo protocolos científicos para garantir os resultados”, explica. Parte das pesquisas é contratada por empresas, e outra parte vem de demandas dos próprios produtores.
Juliane destaca que o contato com o campo mantém o trabalho atualizado. “Dou aula na Universidade de Cruz Alta e acredito que o professor também precisa estar ligado ao dia a dia da lavoura. O mundo está em constante atualização e o produtor precisa de dados confiáveis.”
Durante a safra, cada parcela recebe até cinco aplicações específicas. A colheita, feita com uma mini colheitadeira alemã de 1983, garante precisão no manejo dos dados. “Antes a gente fazia tudo manual. Hoje essa máquina ajuda muito. Em dois dias fazemos o que levava uma semana”, comenta Jean, operador da colheitadeira.
Lucas Gabriel Silva, técnico agrícola e acadêmico de agronomia, participa da equipe. “São 4 mil parcelas, cada uma com sementes, aplicações, manejo e avaliação. É como se cuidássemos de 4 mil lavouras. Isso gera dados valiosos que o produtor não teria como testar sozinho.”
A identificação por placas coloridas e croquis garante o controle de cada tratamento. “As placas organizam os protocolos. O mesmo tratamento é repetido em locais diferentes, conforme exige a estatística. Tudo é planejado para evitar interferência”, explica Juliane.
Os protocolos atendem empresas multinacionais e demandas da região. “A pesquisa serve para validar tecnologias e apontar o que realmente entrega produtividade. Hoje há muitos produtos biológicos no mercado, mas nem todos têm a mesma eficiência. Nosso papel é testar e entregar esses dados ao produtor.”
Nesta safra, os resultados têm sido positivos. “Apesar de uma estiagem no início, depois choveu bem. Algumas amostras já indicam de 70 a 75 sacas por hectare”, relata Juliane. “Começamos o trabalho lá em agosto, com montagem dos protocolos. Em novembro realizamos a semeadura e agora, em abril, fazemos a colheita. Estamos aqui todos os dias para entregar os melhores resultados.”