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A administração municipal segue acompanhando a situação e reforça seu compromisso em buscar soluções para amenizar os efeitos da seca na economia local e na vida dos agricultores de Ibirubá.
A estiagem que atinge o município de Ibirubá desde novembro de 2024 já causa impactos severos na economia local. Segundo laudo circunstanciado da Emater-RS/Ascar, as perdas econômicas consolidadas nas principais atividades agropecuárias do município ultrapassam R$ 154 milhões. O relatório destaca que a redução drástica nas chuvas comprometeu a produção de soja, milho, leite e demais culturas, afetando diretamente a subsistência das famílias rurais e a economia municipal.
Déficit de chuvas e impacto na produção agrícola
De acordo com o levantamento da Emater, os índices pluviométricos ficaram muito abaixo da média histórica. Enquanto a precipitação normal para os meses de novembro, dezembro e janeiro deveria ser de 472,9 mm, o volume acumulado no mesmo período foi de apenas 240 mm – uma redução de 49,25%. Além disso, as chuvas foram mal distribuídas e insuficientes para o desenvolvimento das culturas e da atividade pecuária.
A cultura da soja, principal produto agrícola do município, sofreu uma perda estimada em 44% na produtividade, reduzindo de 3.750 kg/ha para 2.100 kg/ha. Com um preço médio de mercado de R$ 124,00 por saca de 60 kg, as perdas econômicas para os produtores de soja já somam R$ 144,9 milhões.
O milho grão também foi afetado, registrando uma queda de 29,59% na produtividade, resultando em um prejuízo de aproximadamente R$ 1,27 milhão. Já o milho silagem apresentou a maior redução percentual, com perdas de 70,73%, impactando diretamente a alimentação do gado leiteiro e de corte. O prejuízo estimado nessa cultura é de R$ 4,35 milhões.
A estiagem também afetou a produção de feijão, olericultura, fruticultura e demais cultivos de subsistência, comprometendo a segurança alimentar de muitas famílias agricultoras. Na fruticultura, por exemplo, foi observado abortamento e queda prematura dos frutos, além da redução na qualidade e no desenvolvimento das plantas, o que impactará os ciclos produtivos seguintes.
Crise na pecuária e agroindústria
A bovinocultura leiteira registrou uma redução de 10% na produção devido ao estresse térmico dos animais e à escassez de pastagens. Os pecuaristas precisaram recorrer a alimentos conservados e concentrados para suprir a nutrição do gado, elevando significativamente os custos de produção. O impacto financeiro na atividade leiteira já chega a R$ 3,51 milhões.
A estiagem também comprometeu a apicultura, pois a falta de floração reduziu a disponibilidade de alimento para as abelhas, afetando o desenvolvimento das colmeias e a produção de mel. Da mesma forma, a suinocultura, avicultura e piscicultura registraram dificuldades devido ao alto calor e à falta de água em açudes e reservatórios.
As agroindústrias familiares, que dependem diretamente da produção local, também sofreram impactos significativos. A redução na oferta e qualidade da matéria-prima, o aumento dos custos de produção e os gastos extras com energia levaram algumas unidades a suspender temporariamente suas atividades.
Decreto de emergência
em Ibirubá
Diante da gravidade da situação, a Prefeitura de Ibirubá decretou situação de emergência no município. O documento, assinado pelo prefeito em exercício, Silvestre Antonio Rebelato (MDB), entrou em vigor na quarta-feira (12) e terá validade de 180 dias. A medida busca garantir suporte aos produtores rurais afetados pela seca e facilitar o acesso a recursos estaduais e federais para minimizar os impactos da estiagem.
A assinatura do decreto contou com a presença do Secretário de Desenvolvimento Econômico, Agropecuária e Ambiental, Liberto Leomar Franken, e o Coordenador da Defesa Civil, Oneide Neuland. O decreto foi fundamentado nos laudos técnicos da Emater, que atestam os prejuízos causados pela seca prolongada.
"A estiagem tem causado grandes dificuldades aos nossos produtores. O decreto permite que o município tome ações mais efetivas para garantir o suporte necessário e minimizar os prejuízos", destacou o prefeito em exercício, Silvestre Rebelato.