07 de Março, 2025 09h03mESPECIAL 50 ANOS OAJ por Redação Integrada Rádio Cidade de Ibirubá e Jornal O Alto Jacuí

Douglas Scortegagna e a história viva do jornal O Alto Jacuí: a edição número 001 e um legado de 50 anos

Ao ver a primeira edição do jornal, datada de 1975, Douglas refletiu sobre a importância desse legado

Douglas Scortegagna relembra seus primeiros anos no jornal e como conseguiu comprar seu primeiro terreno com o salário de um mês. Ele destaca o legado do jornal para Ibirubá, sua relação com o fundador Justino e os desafios do jornalismo impresso. 

 A celebração dos 50 anos do jornal O Alto Jacuí trouxe consigo não apenas a memória de meio século de comunicação, mas também um verdadeiro tesouro histórico. Douglas Scortegagna, que iniciou sua trajetória profissional no jornal em 1975, retornou a Ibirubá trazendo diretamente de Brasília um dos exemplares mais raros e simbólicos da história da imprensa local: a edição número 1 do O Alto Jacuí. Preservado por décadas com cuidado e respeito à memória da cidade, o exemplar se tornou um símbolo do compromisso do jornal com a comunidade.
“Quando recebi o convite para falar sobre os 50 anos do jornal, soube na hora que precisava trazer essa edição comigo. Esse jornal representa muito para mim, porque foi nele que eu aprendi a trabalhar, que fiz grandes amizades e que vivi experiências que me marcaram para sempre. Guardá-lo foi uma forma de manter viva essa história”, conta Douglas, emocionado ao folhear novamente as páginas do primeiro número do periódico.
A trajetória de Douglas no jornal começou quando ele tinha apenas 20 anos. Na época, ele trabalhava no setor administrativo da Cerâmica Pulador, até que recebeu um convite inesperado de Justino, fundador do jornal. “O Justino me chamou e disse que precisava de alguém para assumir uma vaga no jornal. Eu já gostava de escrever, mas nunca tinha trabalhado na área. Aceitei sem saber exatamente o que me esperava, mas logo percebi que ali era o meu lugar”, relembra.
O jovem não demorou a se envolver completamente com a rotina do jornal. Além de escrever matérias e realizar entrevistas, ele também ficou responsável pela venda de publicidade, uma atividade essencial para manter o jornal financeiramente sustentável. “Eu fazia de tudo um pouco. Escrevia matérias, entrevistava pessoas, organizava o conteúdo e ainda saía pelas ruas de Ibirubá para vender anúncios. O Justino confiava muito em mim, e essa liberdade foi fundamental para o meu crescimento profissional”, destaca.
A dedicação rendeu frutos rapidamente. No primeiro aniversário do jornal, foi lançada uma edição especial, o que impulsionou a venda de anúncios. Douglas aproveitou a oportunidade e trabalhou intensamente para garantir o maior número possível de anunciantes. O resultado foi surpreendente: sua comissão naquele mês foi suficiente para que ele conseguisse comprar seu primeiro terreno. “Foi um dos momentos mais marcantes da minha vida. Eu era muito jovem e, de repente, graças ao meu trabalho no jornal, consegui comprar um terreno na cidade. O valor do terreno era 11 mil dinheiros da época, e eu ganhei um pouco mais do que isso com aquela edição especial. ”, recorda com orgulho.
Durante sua visita a Ibirubá, Douglas fez questão de passar pela Rua Serafim Fagundes, onde ficava a primeira sede do jornal. O prédio original já não existe mais, tendo sido substituído por construções mais modernas, mas a memória daquele espaço permanece viva. “Lembro exatamente como era. A entrada do jornal ficava na lateral do prédio, e logo na recepção já se sentia o cheiro do papel e da tinta gráfica. A gente escrevia as matérias ali, fazia toda a diagramação e depois levava o material para Cruz Alta, onde o jornal era impresso no Diário Serrano. Depois de pronto, os exemplares eram trazidos de ônibus para Ibirubá, e começávamos imediatamente a distribuição”, relembra com nostalgia.
Ao segurar novamente a edição número 1 do O Alto Jacuí, Douglas se emocionou com a capa histórica, que trazia o título Assim caminha Ibirubá. A manchete destacava o crescimento da cidade, com imagens da administração municipal da época, obras de infraestrutura e registros da expansão urbana. “O jornal sempre teve essa missão de documentar a evolução de Ibirubá e valorizar a identidade da cidade. Ver que ele chegou aos 50 anos com esse compromisso inabalável é algo que emociona muito”, afirma.
Apesar das mudanças no cenário da comunicação, Douglas acredita que o jornal impresso ainda tem um valor inestimável. “Hoje tudo está no digital, mas o papel ainda tem seu peso. Ele é mais do que uma simples notícia, é um registro, uma prova física da história que estamos contando. O O Alto Jacuí não é só um jornal, ele é um documento vivo da cidade”, pontua.
Mesmo sem ser mais um negócio lucrativo, O Alto Jacuí segue sendo publicado graças ao esforço de sua equipe e ao compromisso de manter viva a memória de Ibirubá. Douglas reconhece que os tempos mudaram, mas acredita que a existência do jornal ainda representa muito para a comunidade. “Se não fosse importante, já teria fechado. O jornal é um patrimônio de Ibirubá. Guardar a edição número 00w1 foi minha forma de preservar essa história, e ver que ela continua sendo escrita é motivo de orgulho”, conclui.
 

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