22 de Abril, 2025 09h04mAutismo por JORNALISTA CRISTIANO LOPES

Abril Azul: especialista explica o autismo, combate mitos e defende atendimento solo

Apesar da crescente visibilidade, persistem mitos, desinformações e preconceitos.

Durante o mês de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a psicopedagoga Jaqueline Camera de Mello Dorfey compartilha sua trajetória e esclarece questões fundamentais sobre o tema. Fundadora da Clínica Integrar e Incluir, com unidades em Ibirubá, Quinze de Novembro e Santa Bárbara do Sul, ela traz uma visão científica, prática e humanizada do trabalho com pessoas autistas e suas famílias.

Abril é o mês dedicado à conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), condição que impacta diretamente a vida de milhões de pessoas no mundo inteiro. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 1% da população global está dentro do espectro. No Brasil, estima-se que entre 2 e 6 milhões de pessoas convivam com o TEA, embora a falta de dados oficiais atualizados — como no Censo 2022, que não incluiu informações específicas sobre o tema — dificulte um panorama mais preciso. No Rio Grande do Sul, a Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e Altas Habilidades (FADER) já emitiu mais de 33 mil carteiras de identificação da pessoa com autismo, cobrindo 485 municípios do estado.

Informação contra o preconceito
Mesmo com o crescimento do debate, mitos e preconceitos ainda cercam o autismo. Profissionais da área relatam que muitas dúvidas básicas persistem na sociedade — como, por exemplo, pessoas perguntando “como se pega autismo”. Situações como essa mostram a importância do Abril Azul: um convite para ampliar o conhecimento e reduzir o estigma. A psicopedagoga Jaqueline Camera de Mello Dorfey, referência no tema na região, é enfática ao dizer que o autismo não é doença, nem vírus. “É uma condição do neurodesenvolvimento, de base genética, que pode ser influenciada por fatores ambientais durante a gestação. Não se trata, não se pega, mas se compreende e se apoia”, afirma.

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A trajetória por trás da clínica
Formada em pedagogia e especializada em psicopedagogia, Jaqueline atua há mais de dez anos com autismo. Trabalhou como atendente terapêutica e se aprofundou na ciência da Análise do Comportamento Aplicada (ABA), base do trabalho na Clínica Integrar e Incluir. Sua trajetória inclui mestrado na área e atuação como analista do comportamento. A clínica foi fundada em 2021, com a missão de oferecer um atendimento de excelência, focado na individualidade de cada criança. Com o tempo, a demanda cresceu, especialmente de famílias de cidades vizinhas. “Vimos que o deslocamento era um fator de desregulação emocional para muitas crianças. Por isso, decidimos expandir”, conta Jaqueline. Hoje, a clínica tem unidades em Ibirubá, Quinze de Novembro e Santa Bárbara do Sul.

A importância do diagnóstico precoce
Um dos maiores desafios enfrentados por famílias é o tempo até o diagnóstico. Apenas 46% dos casos no RS são identificados até os 3 anos e 11 meses — idade considerada ideal para iniciar intervenções com melhores resultados. “O diagnóstico de autismo é clínico, baseado em observação e histórico. Não existem exames laboratoriais ou de imagem que identifiquem o TEA”, explica Jaqueline. Ela orienta que os pais fiquem atentos aos sinais precoces: falta de resposta ao nome, ausência de apontar, dificuldade em brincar de maneira funcional, entre outros. “Quanto antes começarmos o estímulo, maior a chance de a criança desenvolver sua autonomia”, ressalta.
Escola, família e capacitação
O trabalho da clínica vai além do atendimento clínico. A equipe também atua com escolas da região, oferecendo formação a professores e orientações para monitores. Jaqueline destaca que nem toda criança com autismo precisa de um acompanhante exclusivo, mas sim de um olhar atento às suas necessidades. “O monitor não está ali para fazer por ela, mas para identificar sinais de desregulação e ajudar a criança a voltar ao foco. A avaliação deve ser individualizada, caso a caso”, pontua. Ainda segundo a especialista, muitos monitores são jovens sem formação na área. “Precisamos de capacitação prática e apoio das secretarias de educação para formar essas pessoas com qualidade.”

Muito além da infância
Outro ponto relevante é a atuação da clínica com adolescentes e adultos, incluindo casos de diagnóstico tardio. “Muitos adultos que hoje descobrem o autismo viveram a vida inteira sem entender seu jeito de ser. Saber que existe uma explicação pode trazer alívio e direcionamento”, afirma. A Clínica Integrar e Incluir também atende crianças com TDAH, transtorno do desenvolvimento da linguagem (TDL) e atraso motor. Jaqueline alerta para outro dado preocupante: 17% das crianças terão algum transtorno de neurodesenvolvimento, e 26% apresentam dificuldades na fala. “Mesmo que o diagnóstico ainda não esteja fechado, o acompanhamento precoce faz toda a diferença”, destaca. A clínica funciona com horários flexíveis, aceita convênios como o da Comaja e é um espaço de acolhimento, ciência e esperança para muitas famílias da região.

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