29 de fevereiro, 2020 10h02m Notícias Gerais

Fato ou lenda urbana? O mistério sobre os túneis nazistas

Após alguns meses em silêncio o Jornalista Clóvis Messerschmidt fala sobre a polêmica envolvendo a pesquisa sobre os túneis e o antigo frigorífico da IBI

Meses se passaram desde que o jornalista e pesquisador Clóvis Messerschmidt, trouxe novos fatos sobre sua pesquisa. Porém na quinta-feira passada (20), uma nova bomba explodiu nos veículos de comunicação do pacato município de Ibirubá. Dentes humanos que foram encontrados em frente ao forno do antigo frigorífico de Ibirubá. Para esclarecer melhor essa história toda, o jornal O Alto Jacuí entrevistou o homem por trás dessa misteriosa pesquisa que vem dividindo opiniões.

OAJ: Clóvis, alguma novidade sobre o caso dos túneis/frigorífico?

Clóvis Messerschmidt: A novidade foi a descoberta sobre os dentes no antigo frigorífico, dentes esses agora comprovadamente humanos. Dois dentistas aqui da cidade fizeram uma perícia e comprovaram se tratar de dentes humanos.

OAJ: Como vocês chegaram até os dentes? Pois o povo questiona o porquê vocês foram tão diretamente nos fornos do antigo frigorífico da IBI? Pois algumas pessoas acreditam que os dentes fora colocados lá propositalmente.

Clóvis Messerschmidt: Após nossa reportagem ano passado, uma telespectadora que acompanha muito o Fantástico da Rede Globo, entrou em contato comigo e solicitou uma conversa, pois segundo ela, teria informações para me passar. Encontrei a senhora Leonilda, e ela me relatou todas as coisas que aconteciam no antigo frigorífico da IBI. Ela me disse que trabalhou junto com seus pais na construção dos túneis que saiam do antigo frigorífico. Ela relatou em seu depoimento que pessoas eram espancadas e até queimadas nos fornos antigamente. Com essa informação eu decidi começar investigar justamente nos fornos. E após escavar as cinzas em frente ao forno eu encontrei os dentes. Dessa forma os dentes foram encontrados. Não foi rápido, fomos conhecendo as dependências do local, inclusive antes dos dentes nós investigamos as lajes, as possíveis entradas dos túneis. Em uma tarde, já cansado de lidar nas lajes eu comentei com o senhor Romaldo que é o zelador e atual cuidador do local, que poderíamos dar uma olhada nos fornos, e assim foi.

OAJ: Como foi a entrada tua no local? Pois o local mesmo abandonado possuí proprietário.

Clóvis Messerschmidt: Primeiramente eu fiz amizade com o senhor Romaldo, fiz amizade, comecei ajudar ele. O senhor Romaldo mora atualmente nas instalações dos antigos escritórios da IBI. Após uma amizade eu comecei a desafiar ele, perguntava pra ele se ele sabia dos túneis, ele ficou muito interessado, então eu levei e apresentei a senhora Leonilda pra ele e fiz um desafio: Vamos procurar os túneis? E o senhor Romaldo aceitou meu desafio e ficou interessado na pesquisa. Então eu perguntei pra ele se não haveria problema em entrar no local, e o senhor Romaldo me informou que por morar a muitos anos no local ele entrou com o processo de USUCAPIÃO junto a Defensoria Pública. (A usucapião é uma forma originária de aquisição do direito de propriedade sobre um bem móvel ou imóvel em função de haver utilizado tal bem por determinado lapso temporal, contínua e incontestadamente, como se fosse o real proprietário desse bem). O senhor Romaldo inclusive fez um documento me autorizando a entrar no local, documento esse registrado em cartório.

OAJ: Hoje, qual a atual situação jurídica do antigo frigorífico da IBI?

Clóvis Messerschmidt: Hoje o antigo frigorífico está em um vazio jurídico, ou seja, ele foi arrematado em leilão, o leilão foi homologado pela justiça do trabalho, então foi feito o leilão, seis pessoas compraram o antigo frigorífico, porém essas pessoas ainda não tomaram posse do local, pois ainda faltam alguns documentos, a documentação de posse, o termo de posse, em princípio esse documento sai esse ano. Eu perguntei para um desses compradores qual o projeto para as instalações, eles me informaram que em princípio farão primeiramente um atacadão, posteriormente fariam um condomínio. Das antigas instalações, a única coisa que seria poupado seria a antiga chaminé.

OAJ: Algumas pessoas afirmam que a senhora Leonilda foi manipulada durante a entrevista que ela deu na rádio Cidades 104.9. Segundo algumas pessoas, muitas informações que ela trouxe são desconexas em relação a linha temporal da história, como você justifica isso?

Clóvis Messerschmidt: Algumas pessoas realmente acreditaram que eu induzi a ela em algumas respostas, porém não foi isso que aconteceu, pois antes da entrevista ela me passou todo o depoimento, então eu conhecia o que ela iria falar, por isso que pareceu que eu estava conduzindo a entrevista. Sobre a linha temporal, realmente ela acabou por cometer alguns equívocos, por exemplo, ela afirmou que reconheceu algumas pessoas, alguns oficiais nazistas que nunca estiveram aqui, porém na época ela era uma criança, foi judiada, chutada, agredida na época, acredito que ela deva ter se confundido, porém não muda o fato dos acontecimentos.

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OAJ: Em entrevista ao Jornal do Almoço o dentista Márcio Matte teria levantado a hipótese de que os dentes encontrados seriam de algum descarte odontológico, já que antigamente não existia uma coleta frequente. Você concorda com essa teoria?

Clóvis Messerschmidt: Estou investigando essa possibilidade, pois tenho que ser imparcial, estou verificando todas as hipóteses, ontem eu conversei com o antigo foguista da caldeira, o senhor Vilson Ritter, ele é bem conhecido popularmente como alemão da banha, ontem ele me contou que ele realizava diversas tarefas ali, trabalhou 30 anos, ele me comentou que nesses quase 30 anos, de 1983 a 2011, ele comentou que nunca teve notícias e nem conhecimento de que dentistas teriam descartado esse tipo de coisa ali, ele afirma que o Banco do Brasil levava alguns documentos para serem incinerados ali, mas material proveniente de consultórios odontológicos ele não tem conhecimento.

OAJ: Porque existe o grande interesse de não dar prosseguimento a essa investigação? A quem interessa que esses acontecimentos sejam enterrados e permaneçam na escuridão?

Clóvis Messerschmidt: Acredito que para não respingar nos sobrenomes dessas pessoas, talvez os crimes envolvidos, talvez os imóveis, pois pode ter tombamentos históricos, com possíveis tombamentos históricos, se paga apenas o valor venal, então muitas famílias temem esse problema. Então essas pessoas tentam barrar, mas eu não me estresso nenhum pouco com isso, eu tenho um objetivo, uma missão, e vou até o fim. Eu tive alguns alertas, teve 3 pessoas da elite de Ibirubá que chegaram pra mim e me pediram pra mim parar com minha pesquisa, inclusive me falaram que era pra mim pensar muito bem e desistir. Após essas ameaças veladas eu recebi uma carta com ameaças.

OAJ: Alguns anos atrás tivemos uma situação parecida aqui em Ibirubá, onde o túmulo do Dr. Braun teria sido violado, alguém teria ido ao túmulo, roubado um osso, largado o osso em um matagal e ligado para uma rádio. Na época foi feito uma perícia no osso e identificado tratar-se de um osso de uma pessoa de cor negra. O resultado dessa perícia veio, porém não se deu mais continuidade. Qual tua opinião sobre essa situação?

Clóvis Messerschmidt: Realmente não se soube de mais nenhum andamento dessa questão, mas isso acabou por tirar a dúvida dos Ibirubenses, acabou que todos souberam que não era ele (Dr. Braun) que está enterrado lá.

OAJ: Mas será que o osso descartado na mata seria de fato do Dr. Braun? Como saber se o osso de fato pertencia a ele?Clóvis Messerschmidt: Na época quem roubou o túmulo mandou uma carta para uma das rádios passando as coordenadas de onde havia largado o osso, na carta enviada para a rádio, o autor do crime informa que fez isso para tirar a dúvida em relação a esse mistério. Inclusive o autor da violação do túmulo enviou um pen-drive para o repórter dessa rádio com fotos do momento da violação do túmulo.

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