10 de janeiro, 2020 17h01m Notícias Gerais

OAJ ENTREVISTA: Psicóloga Mariana Kohl fala sobre o Janeiro Branco

A campanha ‘Janeiro Branco, busca alertar sobre a Saúde Mental das pessoas. O objetivo é que as pessoas falem sobre sua vida, suas expectativas, seus ideais e objetivos, a se abrirem e se libertarem de muitas ‘amarras’, que podem desencadear na depressão. 

Os seres humanos possuem estruturas psicológicas e subjetivas, que giram em torno de questões mentais, sentimentais, emocionais e comportamentais. Por isso, a importância que essas questões subjetivas, que fazem parte de todos os seres humanos, desde crianças até idosos, ganham destaque na cultura e no cotidiano. 

Para falar mais sobre o assunto, a psicóloga Mariana Kohl Pegoraro, pós graduada em Psicoterapia Cognitivo Comportamental e que atende junto ao Hospital Bom Pastor em Fortaleza dos Valos, respondeu algumas perguntas para OAJ Entrevista. 

OAJ: O Janeiro Branco, faz alusão a Saúde Mental. O que significa ter uma boa saúde mental, e o que significa não ter uma saúde mental equilibrada?
Quando falamos em saúde de modo geral, estamos falando não somente em ausência de doenças, saúde está ligada ao bem estar físico e psíquico. Assim, a saúde mental é desenvolvida no sujeito por meio da resiliência, ou seja, a capacidade do indivíduo de conseguir amenizar o estresse do dia-a-dia.  Também, pessoas mentalmente saudáveis obtém um bom entendimento dos fatos, sabendo que experiências, situações difíceis ao longo da vida acontecem e conseguem lidar com estas, o que não é uma tarefa relativamente fácil. Todos os dias sentimos diversas emoções dentro de nós e nem sempre são agradáveis, mas temos que realizar o exercício de enfrentar os desafios da vida. A saúde mental é uma soma de fatores, se você não está conseguindo administrar algo em sua vida, logo prejudicando seu bem estar. Procure ajuda de um profissional habilitado, como o Psicólogo. É normal não se sentir bem todos os dias, o problema está quando isso afeta seu trabalho, sua disposição e vontade de viver. Pratique exercícios, conviva com quem você ama e tudo bem se não sair como você planejou.

OAJ: Segundo a Organização Mundial da Saúde, 12 milhões de brasileiros sofrem com a depressão, um dos problemas mais relacionados a saúde mental. Quais seriam as justificativas para esse número aumentar nos últimos anos?

Em uma sociedade de consumo e imediatista, as pessoas não podem fracassar, diariamente sofremos pressões, temos deveres a cumprir, acabamos por não pensar sobre a vida, sobre o meu propósito ou meta de vida, se eu estou vivendo como gostaria ou como está a qualidade de meus relacionamentos. Não temos o direito de parar para pensar sobre a vida, de fazer atividades que gostamos.  Tudo isso vai adoecendo as pessoas, levando a transtornos mentais como a ansiedade e depressão. Hoje se têm mais informações sobre os transtornos mentais, mas para muita gente ainda é um tabu, só buscar tratamento psiquiátrico quem é louco, ou acha que os medicamentos irão suprir sua dor, devemos falar o que sentimos o que pensamentos. A medicação é aliada a psicoterapia.

OAJ: Os problemas de Saúde Mental, afetam desde criança até idosos. Quais as probabilidades (rotina, cenários de convivência, relacionamentos) que uma pessoa tem de desenvolver um problema como a depressão e ansiedade?

Todos os transtornos mentais possuem um lado genético que herdamos de nossa família, e outro é o ambiente. Ou seja, podemos desenvolver por vivências dolorosas, traumas adquiridos, e os fatos do cotidiano como o estresse no trabalho. Assim, podemos gerar transtorno mental quando tenho uma pré-disposição genética a desenvolver um transtorno, meu ambiente e vivências estão sendo aparentemente difíceis de manejar, reagindo de modo disfuncional aos fatos. Por isso, que a saúde mental é de suma importância, para que por intermédio da psicoterapia o indivíduo consiga lidar de maneira mais funcional com os acontecimentos, aprendendo como reagir e identificando o que sente.

OAJ: Sendo a depressão e ansiedade problemas que afetam diversas pessoas. Quais os sintomas da como eles podem ser identificados?

Segundo o DSM V – Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, existem dentro dos Transtornos depressivos: Transtorno disruptivo da desregulação do humor; Transtorno depressivo maior;Transtorno depressivo persistente (distimia);Transtorno disfórico pré-menstrual; Transtorno depressivo induzido por substância/medicamento; Transtorno depressivo devido a outra condição médica; Transtorno depressivo especificado e Transtorno depressivo não especificado.  Cada um destes apresentam sintomas diferentes, por isso o diagnóstico feito de forma correta se faz necessário. Mas, há alguns sintomas que estão de forma geral nestes citados anteriormente. Se você sentir por mais de duas semanas esses sintomas é recomendável buscar ajuda, como: alteração do humor como ansiedade, tristeza.  Cognitivos: baixa autoestima, pensamentos disfuncionais como culpa, medo, dificuldades de atenção. Sintomas motores: lentificação psicomotora. Sintomas somáticos: alteração do sono, alteração do apetite.  Vida social comprometida.
Já os Transtornos de Ansiedade são divididos em: Transtorno de ansiedade de separação; Mutismo seletivo; Fobia específica; Transtorno de ansiedade social; Transtorno do pânico; Agorafobia, e o mais conhecido que é o Transtorno de ansiedade generalizada. Alguns sintomas os indivíduos que estão desenvolvendo um transtorno de Ansiedade apresentam: Cognitivos: Dificuldade de concentração, preocupação, memória deficiente, dificuldade de raciocínio, pensamentos catastróficos. Comportamentais: Fugas e esquivas, agitação, hiperventilação, inquietação, dificuldade de falar. Fisiológicos: Tensão muscular, taquicardia, tontura, sensação de sufocamento, boca seca e fraqueza, entre outros.

Publicidade

Vale ressaltar que a pessoa deve apresentar seis ou mais sintomas para se concretizar o diagnóstico, por um determinado período de tempo. Em muitos casos apresentam poucos sintomas que estão interferindo no bem estar do paciente, onde a intervenção deve ser feita para que os mesmos não agravem evoluindo para o Transtorno Mental.

OAJ:Quando deve ter a intervenção de um profissional, e  Como a família pode atuar quando a depressão e ansiedade afeta uma pessoa?

O diagnóstico deve ser feito por um profissional capacitado como Psicólogo ou Psiquiatra, para após ser traçado um plano terapêutico para o paciente. Muitas vezes os tratamentos são baseados em psicoterapia e medicações. O acompanhamento profissional é necessário para que a pessoa possa ter qualidade de vida, saúde física e mental, conhecendo sobre o transtorno, aprendendo a viver de forma saudável. Para que ao final consiga identificar o que sente e sendo seu próprio terapeuta. A família pode ajudar levando o sujeito em Psicólogo ou Psiquiatra, para ver se possui um transtorno mental, se necessário fazer um tratamento medicamentoso aliado à psicoterapia. Na terapia o Psicólogo irá orientar a família com proceder como o familiar em diversas situações, auxiliando a entender o que está acontecendo, o tratamento sempre é a melhor solução.

OAJ: Quando não tratados, os problemas mentais podem levar muitas vezes até o suicídio. Como profissional, qual o melhor caminho que uma pessoa quando diagnosticada com depressão, por exemplo, deve seguir?

Primeiro de tudo é procurar ajuda com algum profissional da saúde. Hoje os municípios dispõem de Psicólogos e encaminham para Psiquiatras cadastrados no SUS, assim terá um tratamento adequado.  Falar sobre o que está sentido é a melhor saída, seja para um familiar amigo ou busque um serviço de saúde. Temos também o CVV – Centro de Valorização da Vida com o número 188, a ligação é gratuita, se você não estiver se sentindo bem com visões distorcidas de si e experiências vida, sem vontade de viver, visão negativada, distorção da realidade. Procure ajuda, os profissionais do CVV possuem um capacitação e irão ouvir sua angústia sem julgamento e naquele momento ter alguém para te ajudar a aliviar o sofrimento é fundamental.

OAJ: Como é sua experiência na área da psicologia?

Estou formada há um ano, obtive uma experiência que agregou muito como profissional ao trabalhar com a PRF – Polícia Rodoviária Federal em uma unidade no Rio Grande do Sul, onde aprendi sobre o trabalho incrível que os policiais realizam ao salvar vidas nas rodovias federais, auxiliei os policias em questões de equipe e também relacionadas ao suicídio. Hoje trabalho na Prefeitura Municipal de Fortaleza dos Valos, atuando na área da educação. Também trabalho no meu consultório particular atendendo crianças, adolescentes e adultos com base na Terapia Cognitivo Comportamental, que se encontra junto ao Hospital Municipal Bom Pastor.

Publicidade

Notícias relacionadas

Diná Rosa Aroldi fala sobre os 20 anos como delegada e os desafios da polícia

No início de outubro de 2004 Diná assumia a delegacia do município de Tapejara em meio a eleição municipal

07 de outubro, 2024

Aventura sobre rodas: Casal argentino que percorre o Brasil de bicicleta esteve em Ibirubá

Marcos e Tania viajam há cinco anos, sobrevivendo das artes de rua e da generosidade de quem encontram pelo caminho.

26 de agosto, 2024

Alunos de Quinze de Novembro são destaque no concurso "Viajando pela Rota" com desenhos sobre turismo local

Com uma premiação empolgante e o objetivo de fomentar a cooperação entre os municípios da Rota das Terras Encantadas

18 de novembro, 2024

Publicidade

Banca Virtual Edição Digital

Principais categorias