16 de junho, 2023 12h06m ibirubá por Redação Integrada Rádio Cidade de Ibirubá e Jornal O Alto Jacuí

O ‘chacoalhão’ Rafael Refatti conta sua trajetória musical e as boas lembranças

Rafael Refatti é um um verdadeiro chacoalhão em sua área de atuação. Com uma história incrível que envolve música, muito trabalho e grandes histórias, ele conta sua trajetória e as lembranças da sua carreira musical e grandes amigos que fez.

Um músico cheio de história e mais um talento descoberto e incentivado pelo saudoso Cláudio Motta
Um músico cheio de história e mais um talento descoberto e incentivado pelo saudoso Cláudio Motta

Ele começou cedo, com apenas 13 anos já dedilhava o violão que ganhou de seu pai. “O Rafael é um guri humilde. Comecei desde novo, trabalhando e também com o violão, onde tive muito apoio da minha família. Meu pai me deu um violão e comecei a fazer aula com a Rose, do Estrela do Mar. Sempre gostei do violão e da música, e a gente foi se aprimorando mais”, conta em entrevista para a Redação Integrada. Ele recorda com carinho sua infância e adolescência em Ibirubá, suas primeiras experiências musicais e a importância da família em seu desenvolvimento. “Estudei na Escola Santa Terezinha e, depois, na Escoal General Osório. Morava na Rua Rio Branco, onde me criei, e depois fui morar junto com meus pais no antigo posto de suinocultura, que pertence ao Instituto Federal hoje em dia. Todos os dias, nós vínhamos para estudar na cidade, e depois voltávamos para casa”, relembra.


“Com 13 anos, comecei a trabalhar no Darci Moresco, que era vizinho de casa. Meu primeiro emprego foi lá, ajudando a desmontar os carros. Depois, fui trabalhar na Cotribá, onde comecei tirando notas na fábrica de ração. Fui crescendo gradativamente, e acabei trabalhando na parte administrativa, lidando com contas e liberação de créditos. Fiquei 17 anos na cooperativa e, em seguida, surgiu uma nova oportunidade na Vence Tudo, onde estou até hoje.” relembra.


No cenário musical local, todas as quintas-feiras marcavam o encontro da turma das Quintas, na Asfuca. “Era nesse ambiente que eu, com apenas duas ou três músicas no repertório, pegava meu violão e me apresentava. A memória desse momento ainda está fresca em minha mente, quando tocava e, em seguida, o chapéu era passado pelo público, contribuindo com um generoso apoio financeiro. Era um ritual que se repetia com frequência, e a partir daí, a paixão pela música começou a ganhar força. Logo surgiram oportunidades de tocar em festas familiares, e lá ía o Chacoalhão em busca do violão, para animar os eventos. “Foi assim que entrei para o grupo de jovens, conhecido como SOS Juventude, onde encontrei o saudoso André Rebelatto, que também era irmão nosso. Começamos a tocar nas missas todos os domingos, e o grupo se aprimorava cada vez mais. Encontros em outras cidades, como Cruz Alta, Panambi e Passo Fundo, começaram a fazer parte de nossa rotina, e a turma toda, composta por quatro ou cinco violonistas talentosos, embarcava nessas jornadas musicais. Foi nessa época que conheci o Fernando e o Motta, que faziam parte do grupo de jovens. Eles se tornaram grandes  incentivadores e foram fundamentais para meu crescimento como músico. Um dia, Motta decidiu me surpreender: “Vou comprar um contrabaixo para você e te ensinar a tocá-lo”, disse ele. Na formação do grupo, faltava alguém para assumir esse instrumento, e a proposta de Motta era uma oportunidade única. “Sem pensar duas vezes, aceitei o desafio” recorda.

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A jornada com Fernando & Motta
Assim, o grupo ganhou mais dois integrantes, Elivélton na percussão, e Rafael no volca/baixo. A energia era contagiante, e a cada palco que o grupo subia era possível sentir o poder da música unindo as pessoas. Os acordes ecoavam em bares, festas e eventos, cativando o público e impulsionando aqueles jovens a levar a música para cada vez mais lugares. ‘‘A cada apresentação íamos conquistando novos espaços e criando memórias inesquecíveis. A jornada estava apenas começando, e a música nos guiava rumo a novos horizontes, com a certeza de que, juntos, deixaríamos nossa marca no cenário musical local’’, pontua. Durante sua carreira junto com Fernando & Motta, Rafael Refatti teve experiências marcantes em turnês pelo Brasil. Ele recorda uma ocasião em particular durante uma viagem de ônibus com o grupo Fratelli e Fernando & Motta. Enquanto estavam em Jataí/GO, após uma noite de apresentações, eles decidiram tomar a ‘saideira‘. Nesse momento, um homem apareceu com uma mulher grávida, em trabalho de parto. A situação foi inesperada, e Rafael e seus colegas rapidamente se mobilizaram para ajudar. ‘‘Eles pediram materiais ao hotel, como um cobertor, e com a ajuda do Motta, realizaram o parto na calçada. Foi um momento emocionante e inesquecível para todos os envolvidos’’, recorda. Eles também viajaram o Maranhão, Piauí, Mato Grosso e Bolívia.


Essas experiências em turnês proporcionaram a Rafael a oportunidade de conhecer novos lugares e  culturas. As viagens foram intensas e cheias de desafios, mas também trouxeram momentos de aprendizado e crescimento artístico. O mais marcante foi a gravação do Galpão Crioulo durante o aniversário do município de Fortaleza dos Valos, quando Fernando & Motta dividiram o palco com ícones da música tradicionalista. Rafael lembra de Nico e Neto Fagundes, que levavam a multidão ao delírio durante a apresentação do programa. O falecimento de Motta é uma página triste na memória de Rafael, que procura entender até hoje o que aconteceu com o amigo que considerava um irmão. ‘‘Ele era intenso, aproveitou a vida. Hoje fica a saudade e o legado musical que ele construiu’’, destaca emocionado.

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