Comemorando a Semana da Consciência Negra, o programa "De Papo com Elas" da Rádio Cidade trouxe uma conversa profunda e inspiradora com Ágatha Nunes Duarte, jornalista e comunicadora na Coprel Telecom. Ágatha compartilhou sua trajetória, desde a infância desafiadora até seu papel de destaque em uma das maiores cooperativas do país, e destacou a importância da representatividade e da luta antirracista.
Nascida em Santo Ângelo, Ágatha cresceu em um ambiente de desafios sociais e econômicos. Filha de uma técnica de enfermagem que enfrentava dificuldades como mãe solo e negra, ela teve uma infância marcada por resiliência e pela paixão por artes e literatura. “Minha mãe sempre lutou para que nada faltasse em casa. Ela me ensinou o valor do estudo e me incentivou a sonhar alto”, lembrou.
Na faculdade, Ágatha enfrentou o impacto do racismo estrutural e a desigualdade social. “Na universidade, éramos apenas sete ou oito negros. Tive que me adaptar e lutar por reconhecimento, mesmo diante de situações preconceituosas”, destacou.
Consciência negra e empoderamento
Questionada sobre quando percebeu a dimensão de ser uma mulher negra, Ágatha relatou episódios marcantes de preconceito ainda na infância e adolescência. No entanto, reforçou que o entendimento do racismo e a luta contra ele são processos contínuos. “Usar o cabelo crespo foi um ato de protesto. Antes, alisei pensando que seria mais aceito, mas hoje entendo que minha identidade é minha força.”
Ágatha também defendeu o papel do Dia da Consciência Negra como um momento de reflexão e mudança. “Ainda estamos longe de conquistar o quilombo ideal. Não basta apenas não ser racista; precisamos agir para combater o racismo.”
Representatividade no cooperativismo
Na Coprel Telecom, a jornalista encontrou espaço para crescer e mostrar sua força. "Quando me disseram que eu seria o rosto da Coprel Telecom, fiquei com medo de como seria recebida. Hoje, vejo que minha presença faz diferença. A representatividade importa, não só para os negros, mas para qualquer pessoa que enfrenta desafios sociais.”
Ágatha acredita que o cooperativismo reflete os valores de igualdade e inclusão que ela sempre defendeu. “Cooperar faz parte do sonho de uma sociedade mais justa.”
Para finalizar, ela deixou um apelo para que todos reflitam sobre suas ações e falas no cotidiano: “Ensinem seus filhos a não serem racistas. Vamos corrigir as atitudes preconceituosas ao nosso redor. Não basta apenas conviver; é preciso respeitar e valorizar as diferenças.”