Consultor agro compartilhou aprendizados em Portugal e analisou o cenário regional, destacando perdas com chuvas, dificuldades financeiras e perspectivas para a safra de verão.
Márcio Ücker, consultor agro e referência no setor em Ibirubá, esteve nos estúdios da Rádio Cidade FM para uma conversa ampla sobre o agronegócio regional. Recém-chegado de uma especialização internacional em Lisboa, promovida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em parceria com uma universidade portuguesa, ele trouxe detalhes sobre práticas europeias e os desafios enfrentados pelos agricultores gaúchos em 2024.
A experiência internacional foi um marco para Márcio, que participou de um grupo seleto de 18 empresários brasileiros. “Conhecer realidades tão distintas me ajudou a enxergar novos caminhos. Em Portugal, o agronegócio é voltado para propriedades menores e culturas específicas, como vinhedos e oliveiras, com práticas intensivas de irrigação e preparo de solo. É bem diferente do Brasil, onde predominam as grandes lavouras de grãos,” refletiu.
Márcio explicou que o excesso de chuvas no RS no primeiro semestre de 2024 comprometeu o solo de maneira significativa. “Tivemos áreas com mais de 1.500 mm de chuva em três meses, algo nunca registrado. Isso levou nutrientes e matéria orgânica essenciais para os rios e córregos, deixando os solos pobres e menos produtivos,” afirmou. Ele ressaltou que essa condição, somada à incapacidade de muitos produtores adquirirem fertilizantes adequados, compromete as expectativas de produtividade para a safra de soja e milho.
Mesmo com boas condições de plantio em Ibirubá e região, as dificuldades financeiras continuam sendo um entrave. “Há produtores que estão plantando sem fertilizantes ou utilizando menos da metade da quantidade ideal. O impacto disso será sentido não apenas nesta safra, mas nas próximas, já que a recuperação da fertilidade do solo pode levar até cinco anos,” observou Márcio.
A crise financeira do agro e suas consequências
Além dos problemas agronômicos, o consultor destacou o endividamento crescente dos produtores, agravado pela falta de políticas públicas eficazes. “O produtor está com todas as suas dívidas no curto prazo e sem espaço para novos créditos. O ideal seria o governo federal alongar essas dívidas para 10 anos, permitindo que eles tenham fôlego para investir na produção. Infelizmente, os programas anunciados até agora são insuficientes para resolver o problema,” criticou.
Márcio também apontou que a crise do agro não se limita às lavouras. “Quando o produtor rural sofre, toda a economia local é impactada. O comércio vende menos, os municípios arrecadam menos impostos, e os investimentos em infraestrutura e serviços caem. O agro é a base de tudo,” enfatizou. Apesar dos desafios, Márcio mostrou otimismo com o potencial do agronegócio brasileiro, especialmente em Ibirubá. Ele elogiou a resiliência dos produtores locais e destacou as boas condições das lavouras de milho e soja até o momento. “As primeiras lavouras de verão estão germinando bem e mostram potencial. Se o clima continuar colaborando, teremos uma safra promissora. Isso é crucial para reverter o cenário de perdas dos últimos anos,” disse.
Ele também ressaltou o papel da diversificação das culturas e do manejo integrado. “Produtores que alternaram áreas com trigo e canola, por exemplo, conseguiram equilibrar melhor as perdas. Além disso, práticas como o plantio direto ajudam a proteger o solo e manter a produtividade,” explicou.
Soluções inovadoras e suporte ao produtor
Márcio aproveitou a entrevista para destacar os serviços oferecidos pela Semear Consultoria, empresa que fundou em Ibirubá. Com uma abordagem personalizada, a Semear oferece assessoria completa, desde análise de crédito até seguros agrícolas e residenciais. “Nosso objetivo é atender o produtor de forma ampla, ajudando-o a superar desafios financeiros e técnicos. Trabalhamos com plataformas de crédito que eliminam os penduricalhos dos bancos tradicionais, trazendo mais economia para o produtor,” explicou.
O consultor também defendeu a importância do apoio emocional para os agricultores em momentos de crise. “O impacto psicológico é enorme. Muitos produtores estão preocupados com suas famílias e o futuro de suas propriedades. Nossa missão é ajudar não apenas com soluções financeiras, mas também com um suporte que traga tranquilidade,” concluiu.