De jogador a dirigente, Altair compartilha histórias que marcaram o futebol de Ibirubá, destacando a chegada de Jardel e o impacto para o time e a cidade.
A história do Vila Nova é marcada por momentos inesquecíveis, muitos deles vividos de perto por Altair Cristiano de Almeida, conhecido como 'Tianinho'. De jogador fiel ao Vila Nova a dirigente que trouxe Mário Jardel, um dos maiores atacantes do Brasil, para reforçar a equipe, Altair reflete sobre suas vivências e os laços criados dentro e fora de campo.
Altair recorda que assumiu a presidência do clube em 2013. Ele conta que foi uma reunião entre apaixonados pelo time que o levou ao cargo, motivado pela vontade de revitalizar o futebol, e viu sua gestão como dirigente entrar para a história. Naquele ano, o Vila Nova precisou ser montado em tempo recorde para disputar o campeonato municipal. A decisão de convidar um dos maiores ídolos do Grêmio da década de 90 aconteceu quase que por acaso. "O Neco Guedes insistiu: 'Vocês precisam participar'. E lá fomos nós. Estávamos montando o time com seis ou sete jogadores e, quando surgiu a ideia de trazer o Jardel, tudo mudou", conta.
A articulação para trazer o centroavante envolveu o consulado do Grêmio em Ibirubá e contatos com o jogador Clóvis Garmatz. "Na época, o Jardel estava fora dos holofotes, mas ainda era uma grande estrela. Conversamos em Porto Alegre e, em poucos dias, o nome dele já estava confirmado. Foi um divisor de águas", destaca Altair.
A chegada do atacante atraiu a atenção da mídia nacional. “RBS, SBT e Record cobriram a estreia dele. O Vila Nova virou notícia até em Portugal. Era como se o time fosse um grande clube, como Inter ou Grêmio. O impacto foi imenso, tanto para o futebol quanto para a nossa cidade”, afirma. Jardel estreou no dia 9 de novembro de 2013, em um jogo emocionante contra o Bangu, vencido pelo Vila Nova por 3 a 2. Na partida, ele deu duas assistências e mostrou que ainda tinha lenha para queimar, apesar do peso da idade.
Altair ressalta que o sucesso foi fruto de um esforço coletivo e de um trabalho apaixonado. “Régis, Ricardo,Bonatto, Gustavinho, Laio, Paulo Zaltron, Neto, Refatti e Willian, o time era bom'', relembra. O camisa 16 parecia seguir uma espécie de ritual antes da partida de estréia contra o Bangú. Circulava pelo vestiário do Estádio Carlos Jacob Simon, alongando, conversando com companheiros e com o técnico Laudeno. Era uma equipe que misturava talentos jovens e experientes. ''A chegada do Jardel deu moral, e até quem já havia assinado com outros times queria jogar no Vila Nova.”, afirma Altair.
A experiência de trazer um jogador com passagem na Europa foi marcada por desafios. "Pagávamos por jogo, e os valores não eram altos, algo em torno de R$ 4.000 por partida, custeados por patrocinadores. Mas o retorno foi gigante. No primeiro jogo, tivemos mais de 2.200 pagantes no estádio", relembra. Altair reconhece que, embora o time não tenha conquistado o título da Taça Pitangueira naquele ano, a trajetória valeu cada momento. “Aquilo marcou a história do futebol de Ibirubá. A propagação da marca do Vila Nova foi extraordinária.”
Entre histórias pessoais e momentos inesquecíveis, Altair reflete sobre o legado deixado por sua trajetória no futebol. "Joguei minha vida toda no Vila Nova. Nunca fui campeão em Ibirubá, mas o que mais valeu foi a amizade construída e o reconhecimento. Esses momentos são eternos, assim como o carinho que recebo até hoje.”
Hoje, Altair observa o cenário esportivo com gratidão e saudade. “Ver meu filho jogando no Milan e saber que essa paixão pelo esporte continua é emocionante. O futebol vai além das vitórias; ele une, emociona e constrói histórias que nunca se apagam”, conclui.