04 de agosto, 2023 13h08m Agronegócio por Redação Integrada Rádio Cidade de Ibirubá e Jornal O Alto Jacuí

Produtores do Sul do Brasil solicitam revisão de Portaria sobre o calendário de semeadura da soja

Produtores rurais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão solicitando a revisão da Portaria SDA/MAPA nº 840, de 07 de julho de 2023, que estabeleceu o calendário de semeadura da cultura da soja para a safra de 2023/2024.

Produtores reclamam que portaria pode prejudicar calendário de culturas nos estados do sul
Produtores reclamam que portaria pode prejudicar calendário de culturas nos estados do sul

Produtores rurais do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul estão solicitando a revisão da Portaria SDA/MAPA nº 840, de 07 de julho de 2023, que estabeleceu o calendário de semeadura da cultura da soja para a safra de 2023/2024. Segundo os agricultores, o calendário de 100 dias estipulado pela portaria impactará negativamente suas atividades e pode prejudicar suas condições financeiras.

Os estados do Sul do Brasil, em conjunto com as entidades representativas de produtores e cooperativas, já vinham manifestando a necessidade de períodos de semeadura mais elásticos desde 2021, a fim de permitir o cultivo de outras culturas antes da soja. Esse sistema tem se mostrado eficiente e rentável para os produtores, mas a limitação do calendário para 100 dias pode inviabilizar essa prática. “A participação da Câmara através de produtores, entidades representativas, técnicos e integrantes da cadeia produtiva da soja é fundamental para adoção de políticas fitossanitárias”, ressalta Clair Kuhn, diretor-geral adjunto da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). Presente ao encontro, ele destaca a responsabilidade com que os participantes encaminham as pautas, baseados em números e dados dos órgãos técnicos.


Kuhn destaca ainda que o clima não é algo previsível, “a exemplo do ano passado em que muitos produtores tiveram dificuldades de realizar o plantio dentro do calendário em virtude da falta de chuvas. E neste ano, com a expectativa de El Niño, desta vez a umidade maior pode interferir na semeadura da soja”, explica. Segundo ele, a ampliação do prazo auxilia os produtores a contornar possíveis problemas climáticos, garantindo a segurança e produtividade da cultura. Esta mudança também irá facilitar o controle de pragas e doenças.


No Paraná, por exemplo, algumas regiões têm realizado o plantio de feijão, milho para produção de grãos e milho para produção de silagem na primeira safra, seguido do cultivo de soja em segunda safra, o que tem gerado excelentes resultados e possibilitado o escape das geadas. Com a restrição da janela de semeadura para apenas 100 dias, os produtores terão que cultivar a soja na primeira safra, o que colocará em risco os plantios tardios, principalmente do milho, impactando diretamente nas condições financeiras desses agricultores.

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Além disso, os produtores destacam que a ferrugem asiática da soja, que é uma doença que afeta a cultura, não prolifera sem chuva e umidade. Considerando que a região sul do Brasil é afetada por diferentes condições climáticas, a restrição de apenas 100 dias para a semeadura da soja pode dificultar o cumprimento desse período, ocasionando prejuízos aos agricultores.


Diante desses argumentos, os produtores solicitam que o calendário de semeadura da soja seja expandido para a região Sul do Brasil, permitindo o plantio até meados de fevereiro. Essa revisão traria mais segurança aos produtores diante das adversidades climáticas e harmonizaria as datas estipuladas para o vazio sanitário da soja, além de otimizar as ações de fiscalização e controle da praga.“A possibilidade de plantio de milho em grão na primeira safra e soja na segunda safra, permite o incremento de aproximadamente 450 mil toneladas do cereal e 150 mil toneladas da oleaginosa por safra”, destaca Márcio Ücker, consultor do agro em Ibirubá e região. “Os impactos econômicos para o produtor do Rio Grande do Sul e a economia gaúcha são incalculáveis, caso isso não seja alterado”, alerta Ücker. Ele também ressalta a preocupação com os impactos na economia. “Teremos que dimensionar este impacto conforme o andamento do ciclo verão 2023/2024”, finaliza.


O pedido de revisão da Portaria SDA/MAPA nº 840 está em análise pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que avaliará as justificativas apresentadas pelos produtores para tomar uma decisão sobre o calendário de semeadura para a safra 2023/2024.

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