28 de outubro, 2024 09h10m Agronegócio por Jornalista- Jardel Schemmer

Morangos do Marco Grande: iniciativa de diversificar a renda da propriedade rural de Paulo Konrad deu certo

Iniciativa que começou durante a pandemia se transforma em sucesso na diversificação agrícola

Natural do interior de Ibirubá, localidade de Marco Grande, Paulo Artur Konrad deu início, em 2020, a uma ousada empreitada: a produção de morangos em uma área de aproximadamente 2 hectares. A decisão de diversificar a propriedade, que já contava com atividades como a produção de grãos, gado de corte, piscicultura e ovinocultura, surgiu em meio aos desafios impostos pela pandemia. O objetivo inicial era garantir uma renda que custeasse a vinda de um casal para auxiliar na propriedade, mas o que se desenrolou foi uma verdadeira história de sucesso agrícola.

Nos primeiros meses, a produção de morangos rapidamente se tornou uma prioridade. “Os morangos se adaptaram bem à nossa região. Comecei a investir em estudos e adquiri mudas chilenas, que se mostraram bastante produtivas. A variedade chilena se destacou por oferecer alta produtividade e um sabor diferenciado”, explica Paulo, que é médico veterinário e professor universitário na Unicruz. Seu conhecimento técnico e sua paixão pela agricultura foram fundamentais para o desenvolvimento dessa nova atividade. Ele acrescenta: “Para mim, cada morango colhido é uma vitória. Ver o fruto que plantei crescer e se tornar uma fonte de renda é gratificante.”
A experiência adquirida ao longo dos anos permitiu a Paulo aprimorar sua técnica de cultivo. “Nunca tive dificuldade em encontrar clientes. Normalmente, eles dizem que o morango é muito saboroso. O que dá qualidade ao morango é colher no dia e entregar no mesmo dia. Às vezes, no mercado, o produto pode estar dois dias exposto, o que afeta sua qualidade”, observa ele, enfatizando a importância de um manejo adequado e da frescura dos frutos. “Acredito que o segredo está na rapidez do processo. Se o morango não for colhido e vendido rapidamente, ele perde muito de seu sabor e qualidade.”
O crescimento do cultivo trouxe um retorno significativo e, atualmente, Paulo colhe em média 150 kg de morangos por semana, comercializando os frutos em Ibirubá e em Cruz Alta, especialmente na universidade onde leciona. “Aos meus alunos, deixo os morangos na caminhonete e eles vão retirando, pagando pelo preço combinado. É uma venda que flui de maneira prática e eficiente. Já tenho uma clientela fiel que faz pedidos regulares, como dois quilos por semana, e isso gera uma renda extra importante”, relata. “É emocionante saber que estou contribuindo para a alimentação saudável deles, enquanto construo um relacionamento de confiança. O retorno que tenho é imenso.”
No início de sua jornada, Paulo foi incentivado pela Coopeagri de Ibirubá a explorar essa nova atividade. O apoio de instituições locais foi crucial para sua adaptação ao novo cultivo e para a identificação das melhores práticas agrícolas. Ele destaca que a escolha da variedade chilena se mostrou certeira: “O morango chileno se adapta muito bem aqui'' diz Paulo, ressaltando a importância da variedade e do frescor para a aceitação do produto no mercado.
A produção de Paulo se alinha à necessidade de uma renda mais estável em tempos desafiadores. Ele menciona que a colheita é um trabalho intenso, mas a compensação é gratificante. “Esta nova área está dando um bom retorno, e consigo pagar um salário para meus funcionários, o que é ótimo. Com a venda de morangos, não tenho problemas para encontrar clientes. A cada semana, eles pedem quantidades fixas”, explica. 
A sustentabilidade também é uma preocupação constante em sua produção. Paulo busca maximizar o uso de insumos e adotar práticas que garantam a qualidade dos frutos. “O morango é uma planta que não tem muita durabilidade, então cuidar da irrigação e da adubação é essencial. Eu uso adubos da Ihara, que garantem um bom desenvolvimento das plantas”, comenta, evidenciando seu compromisso com uma agricultura responsável e que respeita o meio ambiente. “Acredito que o agricultor deve ser um guardião da terra. O que cultivamos hoje irá impactar as futuras gerações, e devemos cuidar disso.”
Além de cuidar da qualidade dos morangos, Paulo também está explorando a possibilidade de cultivar outros produtos na propriedade. “Além dos morangos, plantei melões e melancias que utilizam os mesmos insumos. É uma forma de aproveitar melhor o espaço e diversificar ainda mais a renda. A qualidade do que produzo é fundamental, e todos podem se beneficiar”, destaca. Ele acrescenta: “Diversificar é essencial em nossa atividade. Se um produto não vai bem, o outro pode suprir a necessidade. Essa é uma estratégia que pode garantir a sobrevivência de qualquer agricultor.”
Além da produção, Paulo também compartilha dicas para aqueles que desejam aproveitar os morangos de maneira especial. “Para um drink simples, amasse um pouco de morango, adicione um pouco de cachaça de alambique e açúcar. Fica delicioso e é uma forma ótima de saborear o fruto fresco”, sugere. A história de Paulo Konrad é um testemunho do sucesso da diversificação agrícola e do potencial que a produção de morangos tem para contribuir não apenas para a sua renda familiar, mas também para o desenvolvimento da comunidade local. Com uma clientela crescente e um compromisso com a qualidade, o futuro de sua produção em Marco Grande, localizada a 8 km do centro da cidade, parece muito promissor.  
Um episódio quase o fez repensar a atividade,quando comprou 12 mil mudas de um fornecedor e não recebeu a encomenda. Apesar do revès, Paulo seguiu firme na atividade. A experiência dele serve como uma vitrine para o que é possível alcançar quando se combina conhecimento técnico, paixão pela agricultura e um olhar atento às oportunidades que surgem, mesmo em tempos desafiadores.

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