Apesar dos desafios enfrentados no cenário da produção leiteira, a família Gomes-Silva mantém-se firme na atividade com uma determinação inabalável. Através de uma combinação de paixão pela profissão, dedicação incansável e um comprometimento inabalável com o bem-estar de seus animais, eles superam as adversidades cotidianas.
No coração da atividade leiteira, em meio a desafios e incertezas, a família da produtora Patrícia Dias Gomes e seu marido, Elézio Rodrigues da Silva, junto com a filha Betina Gomes da Silva, mantém a tradição e o empenho na produção de leite, mesmo diante dos obstáculos que permeiam o setor.
Com mais de uma década de dedicação, a família Gomes-Silva continua a tradição herdada de seus antecessores, mantendo 51 vacas em lactação e um total de 105 animais em sua propriedade localizada na localidade de Marco Grande, interior de Ibirubá.
"São dez anos na lida com as vacas. Atualmente, são 51 vacas em lactação, totalizando 105 animais. Nossa produção diária é de aproximadamente 1.700 litros. Trabalho com gado leiteiro desde sempre, minha família sempre possuía vacas, e disso veio o gosto e amor pela profissão, por isso continuo nela", compartilha Patrícia.
Refletindo sobre as mudanças ao longo do tempo, Patrícia ressalta as melhorias tecnológicas que facilitaram o trabalho árduo de gerações passadas. "Naquele tempo era muito mais difícil de se fazer os serviços, porque não existiam muitas coisas que se tem hoje. Ainda que desde muito tempo já tínhamos ordenhadeira, os tarros eram muito pesados de carregar. Hoje, com as ordenhadeiras canalizadas, a gente nem vê o leite até chegar no resfriador", explica.
Com um cotidiano intensamente ocupado, Patrícia revela que são realizadas duas ordenhas por dia, além dos cuidados constantes com o rebanho. Questionada sobre a exaustiva jornada de trabalho, ela compartilha: "É cansativo, sim, porque é sol ou chuva, quente ou frio, sempre precisamos estar lá. Mas nossa força vem de quando olhamos para o nosso rebanho e elas estão saudáveis e confortáveis, retribuindo o carinho que passamos para elas".
No que diz respeito aos investimentos necessários para manter a produtividade, a família prioriza a modernização da estrutura e o bem-estar dos animais. "A produção de leite exige muitos investimentos. Temos as vacas confinadas em free stall, maquinários para facilitar nos manejos, além do investimento em um resfriador melhor para manter a qualidade do leite", detalha Patrícia.
Sobre a sucessão rural, Patrícia expressa o desejo de que sua filha siga os passos na atividade, embora reconheça os desafios enfrentados pelos jovens na atual conjuntura. "Sempre queremos que fique e faça a sucessão, pois é uma profissão que fizemos além de ser uma renda, é também uma paixão, mas hoje está bem difícil de manter e isso, assim, acaba deixando dúvidas sobre a sucessão".
Ao abordar a desvalorização enfrentada pelos produtores de leite, Patrícia não hesita em expressar sua indignação. "É uma vergonha. Estamos em um momento de muita desvalorização de preço. Entregamos nosso produto sem saber o que vamos receber por ele, e isso não nos dá opção de poder escolher um preço melhor", lamenta.
Apesar dos desafios, a família Gomes-Silva permanece resiliente e comprometida com a atividade. "Continuamos a investir porque essa é nossa profissão e sabemos que sempre existem dificuldades. Por isso continuamos lutando", afirma Patrícia.
Questionada sobre a possibilidade de mudança nesse cenário desfavorável, Patrícia compartilha uma mensagem de esperança e apelo à valorização do produto. "A nossa esperança é de que as coisas melhorem. Precisamos que o leite pare de ter sua imagem denegrida como está acontecendo muito. Acredito que se o consumidor valorizar o produto, isso já fará muita diferença, pois temos produtos de qualidade", finaliza.