Na última segunda-feira (21), durante a 23ª Sessão Ordinária da Câmara de Vereadores de Ibirubá, a vereadora Maria Ilani Henkes Lamb (MDB) fez críticas à alocação de recursos públicos pela prefeitura. Ela questionou o repasse de R$ 112 mil para a Federação Gaúcha de Motocross e outros R$ 21.369,20 para a empresa Regis Antonio de Brum, que presta serviços de atendimento de primeiros socorros em eventos na cidade.
Segundo a vereadora, esses valores poderiam ter sido melhor aproveitados para a aquisição de uma ambulância própria e questionou a prática da terceirização que ocorre no município. Em seu discurso, Maria Ilani expressou apoio ao esporte, mas destacou sua insatisfação com o que considera uma má gestão dos recursos públicos. “Eu sou a favor dos esportes, sim, mas sou contra botar o dinheiro do povo de uma maneira muito irregular, muito duvidosa”, disse a vereadora. A crítica inicial foi voltada ao pagamento de R$ 112.650,00 à Federação Gaúcha de Motocross, valor destinado à organização do evento realizado na cidade. Além desse montante, a parlamentar destacou os R$ 21.369,20 pagos à empresa Regis Antônio de Brum (Regiseg), de Espumoso, responsável por prestar serviços de primeiros socorros, bombeiro civil, orientação e atendimento de emergências no evento. Segundo Maria Ilani, foram R$ 5.342,30 para cada uma das quatro equipes (dois bombeiros civil e um técnico de enfermagem por equipe), além de uma ambulância (Fiat Fiorino), o que considera um valor elevado para a prestação desses serviços.
Recursos poderiam ser direcionados para ambulância própria
A vereadora questionou se esses gastos são realmente necessários, especialmente quando comparados à possibilidade de investir em uma ambulância própria para o município. Maria Ilani ressaltou que desde 2021 tem solicitado a compra de uma ambulância para o Corpo de Bombeiros, sem sucesso. “Somando tudo o que já foi gasto nesse serviço, daria para dar uma entrada de uma ambulância para os bombeiros, que eu estou desde 2021 pedindo”, afirmou.
Segundo informações do Portal da Transparência, o custo total das contratações da empresa Regiseg entre 2021 e 2024 soma R$ 466.072,02 ao município de Ibirubá.
Entre janeiro e outubro de 2024, a prefeitura comprometeu R$ 296.183,07 para a contratação da empresa Regiseg, com base no Pregão Presencial 13-2023 . Desse valor, R$ 243.286,96 já foram liquidados e pagos. A maior parte desse valor é referente ao serviço de socorro e salvamento em eventos esportivos como futebol de campo e futsal. Para cada evento são empenhados R$ 5.342,30 para a prestação de serviços de bombeiro civil para prevenção, combate a incêndio, orientação, primeiros socorros e atendimento de emergências. Vários eventos, como os jogos da equipe Milan Futsal pela Série Prata do Futsal Gaúcho, Copa RS de Futebol de Campo Amador, Campeonato Regional de Futsal, Taça Planalto tiveram público inferior a 100 pessoas. Na Feira do Livro de Ibirubá (FELIBI), entre os dias 15, 16 e 17 de agosto, o custo do serviço de bombeiro civil foi de R$ 16.026,90.
Maria Ilani também questionou a escolha da prefeitura para terceirizar serviços em eventos, ao invés de investir em recursos próprios. “Será que o importante é terceirizar? Eu vejo isso como um desperdício de dinheiro público”, afirmou. Ela também falou sobre a compra de uma van para a Secretaria da Saúde, viabilizada por uma emenda do então deputado Clair Kuhn, que custou R$ 283 mil . Apenas dois anos após a compra, o veículo foi colocado em leilão, o que gerou mais descontentamento por parte da parlamentar.
Os dados dos empenhos, o detalhamento de quais eventos tiveram esse gasto podem ser consultados na aba de Serviços » Transparência Pública » Despesas Orçamentárias por Credor
Atualização de Matéria
Após a circulação da edição impressa de sexta-feira, 25 de outubro, a Prefeitura encaminhou uma mensagem para esclarecer sobre a fala da vereadora Maria Ilani, conforme as informações a seguir:
Na reportagem intitulada Gastos da Prefeitura com serviços terceirizados em eventos geram questionamento na Câmara, foi noticiado que a vereadora questionou a compra de uma van para a Secretaria da Saúde, viabilizada por uma emenda do então deputado Clair Kuhn, e mencionou que o veículo havia sido colocado em leilão, gerando descontentamento.
Contudo, segundo a vereadora e a própria Prefeitura, essa informação está incorreta. Gabriel, motorista da ambulância, informou à nossa reportagem que o veículo de R$ 280 mil, obtido com uma emenda de R$ 100 mil do deputado Clair Kuhn, não foi a leilão e permanece em operação normal. O veículo que foi leiloado é uma Fiat Ducato, ano 2018, cujo motor apresentou defeito irreparável, tornando inviável sua reforma.