Nos últimos dias tem-se falado sobre a forte queda no preço do litro do leite, motivo de pânico nos produtores em todo o Estado. Há 36 anos na atividade leiteira, Mara Spiering, moradora da localidade de Picada Café, interior de Quinze de Novembro, necessita da renda do leite para sua sobrevivência e estuda estratégias para não acabar no prejuízo.
Mara começou neste ramo quando se casou com seu esposo, Airton Spiering, e se mudou para o pátio de seus sogros, os quais já trabalhavam com vacas leiteiras. Na época, eles trabalhavam em quatro pessoas, cuidavam de 12 vacas e possuíam uma teteira. “ Era bastante difícil”, comenta Mara. Com o passar do tempo a família foi ampliando, feito reparos, comprando mais um conjunto de teteiras. Ela lembra que na época havia bons programas na cooperativa que facilitavam a compra de máquinas e se pagava com a própria produção de leite. O primeiro investimento foi feito na produção do alimento, juntamente com 3 vizinhos eles compraram uma máquina de silagem.
Mara e Airton sempre estudaram bastante sobre o seu trabalho, viajavam em busca de novidades e participavam de diversos cursos. O pasto cortado todos os dias, foi substituído pelo tifton, uma gramínea perene. O tarro de leite que era levado até a estrada para o leiteiro buscar, hoje não existe mais, o caminhão entra na propriedade para buscar o leite.
A estrebaria virou uma sala de ordenha. Tudo foi ampliado e atualizado para facilitar o trabalho e com o viés na saúde do animal, Mara ressalta: “A gente tem que tirar leite todo dia! Não tem feriado, não tem domingo, não tem chuva, não tem sol” complementa que é merecedor trabalhar em um lugar digno.
Segundo a produtora de leite, antigamente era mais compensador, as políticas públicas eram diferentes e tinham uma margem boa de lucro. Hoje os preços aumentaram e o custo de produção também, “tudo se tornou mais caro”, desabafa. Ela vê como solução, algumas técnicas para diminuir o custo e garantir uma margem de lucro maior. No verão, eles utilizam o Tifton como alimentação prioritária de seus animais e no inverno aveia e azevém. “Nós temos 6 hectares com Tifton implementados, inclusive com irrigação. A gente adquiriu um conjunto de irrigação para 3 hectares em 2015 e depois, em 2019, a gente ampliou mais 3 hectares, então temos todos ligados, o que facilitou bastante a nossa vida.”. Em Quinze de Novembro, segundo a produtora, eles são um dos únicos a possuírem irrigação.
Durante o ano, o produtor de leite recebe 2 meses de bom preço, 2 meses de equilíbrio e o restante dos meses ruins. “É! Infelizmente hoje a produção de leite é essa a realidade.” relata Mara e continua: “Principalmente se o produtor tem que contratar mão de obra e gastar grande valor com comida.” Mesmo com todos os problemas em relação ao custo e valor recebido, a produtora concorda que a profissão não é fácil, mas para quem tem agricultura familiar ela ajuda na renda mensal. “Se todo o produtor de leite correr atrás de informação, de conhecimento, ele consegue facilitar bastante a atividade.”.
Mara aconselha que com as quedas do preço do leite, o produtor deve tentar produzir o leite com menos custos possíveis. A grande importância da implementação de pastagens perene é a produção com baixo custo, Mara ressalta que a produção leite por vaca pode ser menor do que a vaca alimentada com ração, mas o produtor sempre terá o mesmo nível de qualidade e quantidade com o custo baixo. “A nossa realidade é essa. A gente tem a vaca pasto, uma ração para complementar a saúde da vaca e sal mineral, tentando sempre manter um plantel saudável.”.