Em uma entrevista esclarecedora, Aline Carré e Luciana Agnes, farmacêuticas da Farmácia Pública de Ibirubá, discutiram a complexa rede de distribuição de medicamentos no município. O acesso a medicamentos é um tema recorrente e frequentemente controverso entre a população, que cobra a disponibilidade contínua de remédios nas farmácias públicas. A farmácia municipal, no entanto, opera dentro de uma estrutura complexa, composta por diversos atores e processos que buscam atender às necessidades da comunidade.
Aline Carré, farmacêutica com quase 10 anos de experiência em Ibirubá, e Luciana Agnes, com mais de 20 anos de serviço, explicaram que a farmácia pública do município é organizada em torno de uma lista básica de medicamentos, adquiridos por meio de um consórcio intermunicipal (Sisa de Ijuí). Esta lista segue diretrizes do Ministério da Saúde e é suplementada por compras adicionais feitas pelo município conforme a demanda local.
A disponibilidade de medicamentos nem sempre é constante, o que gera frustração entre os pacientes. Luciana mencionou que atrasos na entrega por parte dos fornecedores são comuns, e quando o consórcio não consegue fornecer os medicamentos, a farmácia recorre a licitações municipais para adquirir os itens faltantes. No entanto, isso pode levar tempo, criando períodos de escassez.
Além da lista básica de medicamentos, os pacientes podem solicitar medicamentos que não estão disponíveis através de processos administrativos direcionados ao estado. Esses processos exigem documentação específica, exames e seguem protocolos clínicos rigorosos. A aprovação desses pedidos pode variar de uma semana a um mês, dependendo do medicamento e da patologia.
O município de Ibirubá investe cerca de um milhão de reais anualmente na compra de medicamentos. Apesar de desafios logísticos e financeiros, a farmácia municipal de Ibirubá possui uma lista de medicamentos mais abrangente do que a de municípios maiores e próximos, como Cruz Alta, destacou Aline.
Ambas as farmacêuticas enfatizaram o esforço contínuo para melhorar o serviço. Em períodos de alta demanda ou problemas de abastecimento, a equipe da farmácia realiza um "malabarismo" para garantir que todos os pacientes recebam pelo menos parte dos medicamentos necessários, minimizando o impacto da escassez.
A Farmácia Pública de Ibirubá, como muitas outras no país, enfrenta desafios diários para manter o fornecimento regular de medicamentos essenciais. No entanto, através de uma combinação de gestão eficiente, processos administrativos bem definidos e um compromisso inabalável com a saúde da população, a farmácia continua a ser um pilar fundamental no sistema de saúde local. A comunidade, por sua vez, é encorajada a compreender e colaborar com as limitações e esforços da equipe farmacêutica, reconhecendo a complexidade envolvida na gestão da saúde pública.