O concessionário Gilmar Rodrigues, popularmente conhecido como "Zitinho", luta para manter a rodoviária aberta enquanto a crise se agrava. A falta de apoio público e os impactos da pandemia colocam o local em risco de fechamento.
A rodoviária de Ibirubá, ponto estratégico de mobilidade para a cidade e região, enfrenta uma crise financeira sem precedentes e corre o risco de encerrar suas atividades. Gilmar Rodrigues, popularmente conhecido como "Zitinho", responsável pela administração do terminal, acumula uma dívida de R$ 37 mil e apela à solidariedade da comunidade para manter o serviço essencial em funcionamento.
Zitinho, que assumiu a concessão da rodoviária em julho de 2019, viu o cenário mudar drasticamente após a chegada da pandemia de Covid-19, que reduziu o fluxo de passageiros e, consequentemente, as receitas. Antes da pandemia, o terminal operava com 38 linhas diárias, conectando Ibirubá a cidades vizinhas como Fortaleza dos Valos, Quinze de Novembro, Colorado e Selbach. Porém, com as restrições e o medo das pessoas de viajar, o movimento despencou. Atualmente, restam apenas oito linhas, o que tornou inviável cobrir as despesas fixas, como aluguel, água, luz e internet.
"Quando comecei, tínhamos um fluxo intenso de passageiros, e a receita era suficiente para manter o terminal e ainda fazer uma reserva. Mas a pandemia foi um golpe duro. Hoje, as contas continuam chegando, mas o faturamento despencou", explica o concessionário. Segundo ele, os prejuízos mensais chegam a R$ 4.389, e a situação ficou insustentável.
Para evitar o fechamento definitivo, Zitinho buscou apoio do poder público e, em maio deste ano, após uma série de enchentes que agravaram ainda mais a crise, recorreu à imprensa local e à comunidade. Na época, a Câmara de Vereadores aprovou um repasse de R$ 15 mil, prometido pela prefeitura para cobrir as despesas do terminal. No entanto, apesar da aprovação, o valor nunca foi repassado.
"O município se comprometeu, mas o dinheiro não chegou. Já ficamos fechados por quatro dias em maio, reabrimos com a promessa de que os recursos viriam, mas até agora nada. Estou de mãos atadas", desabafa Zitinho.
Em meio a essa situação, Gilmar lançou uma vaquinha solidária nas redes sociais, na esperança de arrecadar os fundos necessários para manter a rodoviária funcionando até que a crise seja resolvida. Ele estima que precisaria de R$ 15 mil por mês para cobrir as despesas e evitar o fechamento. "A rodoviária não é apenas um negócio. É um serviço público que atende a todos, e fechar as portas seria um retrocesso para a mobilidade da região", afirma.
A comunidade de Ibirubá já começou a se mobilizar, compartilhando campanhas de arrecadação e tentando ajudar o terminal a seguir em funcionamento. A rodoviária, localizada em um ponto estratégico da cidade, próximo ao trevo, é considerada essencial para os moradores da cidade e das redondezas, servindo como ponto de apoio para aqueles que dependem do transporte para suas atividades diárias.
O que diz a prefeitura
A situação envolvendo o repasse prometido pelo município ganhou novos contornos. De acordo com o secretário de Administração de Ibirubá, Paulo Vogt, o valor de até R$ 5 mil, aprovado em lei pela Câmara de Vereadores, está garantido, mas ainda não foi pago devido a débitos da proprietária do imóvel onde a rodoviária está localizada junto à prefeitura. "O repasse é destinado a cobrir despesas fixas como aluguel, água, luz, telefone e internet. Mas, enquanto a proprietária não regularizar suas pendências, o município não pode realizar o pagamento", explicou o secretário.
Vogt também destacou que o repasse será válido por 12 meses, mas não poderá ser retroativo, ou seja, começará a contar a partir do primeiro pagamento. A expectativa, porém, é que a situação seja resolvida em breve, permitindo o repasse e dando fôlego ao terminal.
Enquanto isso, Zitinho e a comunidade seguem na luta para manter a rodoviária de pé, apelando à solidariedade de todos. Para aqueles que desejam contribuir, a vaquinha está disponível online, e cada doação é essencial para evitar que as portas da rodoviária de Ibirubá se fechem definitivamente.
Esta batalha pela sobrevivência do terminal é também uma luta pela mobilidade e o desenvolvimento local, que depende deste serviço vital para seguir em frente.