Marcos e Tania, um casal argentino, percorrem as estradas do Brasil de bicicleta, explorando novas culturas e enfrentando desafios diários. Artistas de rua, eles se sustentam com a venda de seus trabalhos enquanto planejam retornar à Argentina para passar o Natal com a família.
Em um encontro casual pelas ruas de Ibirubá, nossa equipe de reportagem conversou com o casal argentino que, há cinco anos, viaja pelo Brasil de bicicleta carregando tudo o que precisam para se manter. O colchão é um papelão, as cobertas são leves e uma lona azul ajuda a protejer tudo da chuva. A aventura começou em 2019, antes da pandemia, e desde então, eles têm explorado o país, cruzando estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia.
"Quando saímos da Argentina, não imaginávamos que iríamos tão longe, mas aqui estamos. Entramos no Brasil e fomos explorando o país, chegamos até o Ceará e, desde então, estamos descendo pelo país. Já faz dois anos que estamos percorrendo a BR, e na quarta-feira (21) chegamos em Ibirubá. Passamos a noite aqui na Praça das Fontes, montamos nossa barraca e agora estamos nos preparando para seguir viagem. Nosso objetivo é chegar em casa para passar o Natal com a família. Agora, estamos indo para Cruz Alta, depois seguimos adiante até atravessar a fronteira de volta para a Argentina por Corrientes. A viagem tem sido uma grande aventura, cheia de desafios, mas também de muitas descobertas e momentos especiais," relata Marcos.
A vida na estrada tem suas complexidades e encantos. "A rotina na estrada é desafiadora, mas também tem suas recompensas. Acordar cedo, pedalar, beber muita água... Isso tudo é parte da nossa vida. Mas o que realmente conforta é estar em contato constante com a natureza. As paisagens mudam, mas o amanhecer é sempre mágico. Sobreviver na estrada exige criatividade e resiliência. Nós, artistas de rua, sustentamos nossa viagem fazendo arte. Cada parada é uma nova oportunidade de mostrar nosso talento, e assim, vamos seguindo adiante, com a força de nossa arte e o apoio de quem encontramos pelo caminho," explica Tania.
Como artistas de rua, Marcos e Tânia se sustentam com a venda de suas obras e a bondade de quem cruzam pelo caminho. "Sobrevivemos das artes de rua e de doações. A estrada aqui é um pouco complicada, sem muito acostamento, então temos que ir mais devagar. Estamos a caminho de Cruz Alta, e a pista está bem esburacada, mas o acostamento não é tão ruim. Mantemos contato com a família pelo WhatsApp, minha mãe fica preocupada, mas sempre damos notícias. Normalmente fazemos cerca de 20 km por dia, e já chegamos a percorrer 54 km num único dia, dependendo das condições da estrada. Ontem chegamos em Ibirubá à tarde, depois de pedalar a manhã toda, e hoje já seguimos viagem cedo. Quanto à alimentação, quando conseguimos trabalhar e ganhamos um pouco de dinheiro, compramos o que precisamos. Em outras vezes, contamos com a generosidade das pessoas que encontramos. Por exemplo, uma senhora nos deu algumas frutas hoje. É assim que seguimos, trabalhando quando podemos e aceitando ajuda quando necessário," detalha Marcos.
A jornada de Marcos e Tânia também tem suas dificuldades, como acidentes e questões práticas. Marcos relembra um incidente: "Já sofri um acidente há dois anos, mas não enquanto estava na estrada. Foi em uma cidade em Minas Gerais, caí da bicicleta e trinquei duas costelas. Ficamos uns meses na cidade até eu me recuperar." Felizmente, na estrada, nunca enfrentaram acidentes graves. Sobre a higiene, Marcos e Tânia são adaptáveis: "Às vezes tomamos banho em postos de gasolina, mas quando não dá, fazemos o que chamamos de 'banho polaco', lavando apenas as partes essenciais," explica Tânia com bom humor.
Para quem deseja acompanhar a jornada de Marcos e Tânia ou colaborar com a viagem, o casal está ativo nas redes sociais e aceita doações via Pix. "Temos Instagram e também Pix para quem quiser ajudar," diz Marcos, compartilhando os detalhes: (83) 98158-5533 - Marcos e (71) 99989-1711 - Tânia Victória Kiss.
Antes de seguir viagem, Marcos deixa um agradecimento especial: "Gostamos muito de viajar, conhecer culturas diferentes, lugares, pessoas. Agradecemos a todos que têm nos ajudado ao longo do caminho."
O casal deu entrevista à Rádio Cidade Ibirubá e ao Jornal O Alto Jacuí, onde expressaram sua gratidão àqueles que os acolhem durante a jornada, oferecendo comida, abrigo e apoio.