Marcio Alan Vieira é um vencedor. Filho do seu Chitão, figura conhecida do esporte mas também do trabalho social que manteve com o Restaurante Popular que servia refeição por R$1 em Ibirubá, Márcio com 9 anos já trabalhava como engraxate nas imediações do antigo Café Central. Enquanto fazia o ofício, ele mesclava o ritmo do pano lustrando o sapato com algumas batidas na caixa de engraxate, criando ritmos e melodias. Aos 14 anos começou a vender Picolé e foi selecionado para o Rodeio de Vacaria. Lá bateu o recorde de vendas e conseguiu reunir o dinheiro para comprar sua primeira bicicleta. Influenciado pelos irmãos Gustavo e Jairo, trabalhou como panfleteiro e ganhou seu primeiro pandeiro.
É inegável o elo intenso que o pandeiro tem com as manifestações africanas. Os batuques, gingados, molejos e toques afro-brasileiros bem ritmados e contagiantes, que encontraram no instrumento um casamento perfeito. A cultura do samba soube se impor e se transformar em símbolo nacional, e o pandeiro, aos poucos, foi construindo a sua própria personalidade. Não só se desvencilhou do rótulo de servir “apenas” ao samba mas também conquistou universos rítmicos bem mais variados.
E talvez a proximidade de Márcio com a Capoeira, cultura essa que ele foi instrutor em projetos sociais na região tenha também sido uma das responsáveis pela proximidade com o instrumento, ou ao contrário. O fato é que depois que ganhou o instrumento, Márcio começou sua metamorfose para se transformar no Elivelton do Pandeiro. “Hoje eu tô com 40 anos de idade e 25 anos de palco e foi a mais de vinte e poucos anos atrás que começou a história do Elivelton do Pandeiro” conta o músico, em entrevista para a Rádio Cidade de Ibirubá. Motivado pelos irmãos mais velhos e incentivado pelos pais, foi em um ensaio da Banda Estrela do Mar e depois que tocou o instrumento para a banda, já foi escalado para animar um baile de carnaval naquele ano. “Meu irmão trabalhava com a banda Estrela do Mar e um dia me convidou para tocar em um ensaio da banda para o carnaval, eu tinha em torno de 14, 15 anos. Eu toquei o pandeiro no ensaio e fui contratado” recorda.
Depois de um ano de Estrela do Mar, Márcio foi para a dupla Fernando e Motta, de quem virou amigo e um aprendiz. “Foi em um evento em Xangri-Lá, no litoral norte, que nasceu o Elivelton do Pandeiro. Eu era muito parecido com um jogador de futebol que era artilheiro na época e ali começou a história do Elivelton do Pandeiro”. O menino humilde da rua João Camargo no Bairro Unida, antes dos 18 anos já tinha feito sua primeira turnê pelo nordeste com Fernando e Motta, e também levou seu instrumento para o Paraguai, Bolívia e Argentina.
Um dos sonhos que acompanham a carreira de Elivelton do Pandeiro era gravar um DVD.“Há 30 dias atrás gravei um DVD em Santa Catarina com meu amigo amigo cantor Luiz Henrique Schultz, que tá com um lindo projeto a nível nacional. Graças a Deus esse projeto será lançado hoje (sexta-feira)’’ revela. Para finalizar, Marcio deixa duas frases que, segundo ele, norteiam a sua vida: ‘Fazer o bem ao próximo, sem olhar a quem’. E ‘nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos’.