“Nossa região está se destacando, tem crescido. Isso que vem de erros e acertos. Queremos muito mais acertar do que errar” - Abel Grave
“Conquistamos muitas coisas nesse ano, e isso não teria acontecido se estivesse pensando em quem fala mal da administração pública” - Gustavo Stolte
“Foi um ano bom, mas não foi um ano fácil. Nossos desafios são grandes, mas nossa vontade de trabalhar é melhor” - Márcia Rossato Fredi
Que o ano de 2019 não foi fácil para muitos setores, isso nós sabemos, mas para quem administra municípios, trabalha com o dinheiro público e busca pela transparência e resultados, com certeza a dificuldade foi maior. Desde 2017 à frente das prefeituras de Ibirubá, Quinze de Novembro e Fortaleza dos Valos, os prefeitos Abel Grave, Gustavo Peukert Stolte e Márcia Rossato Fredi, vivem na linha tênue entre projetos e burocracias, feitos e malfeitos, apoio e confronto. Entrando em o que seria, o último ano de mandato para ambos, (se não fosse a possível candidatura de ambos para reeleição), os três prefeitos das cidades do médio Alto Jacuí, em entrevista ao Jornal O Alto Jacuí e Rádio Cidade destacaram os principais feitos do ano de 2019, os objetivos para 2020, e principalmente as dificuldades que é administrar o dinheiro público.
Precatório: a pedra no caminho da administração pública
O ano de 2019 teria fechado com alívio para o prefeito Abel Grave (Ibirubá) e para a prefeita Márcia Rossato Fredi (Fortaleza dos Valos), se não fosse a necessidade de pagar os chamados “Precatórios”, dívidas da Fazenda Pública, deixadas por administradores anteriores, e que precisam ser pagas pela governança atual. Esse problema afetou a administração de Abel e Márcia, pois, o dinheiro que paga esses precatórios, é da administração municipal, e deixa de ser destinado a outros setores.
A prefeitura de Fortaleza dos Valos, pagou em precatórios em 2019, mais de 600 mil reais, acumulados de terceirização feitas há 15, 20 anos atrás. Ou seja, o dinheiro da administração atual, paga por dívidas deixadas por administradores anteriores. Para o próximo ano, os precatórios giram em torno de 1 milhão de reais, que terão o pagamento negociado. Marcia destaque que não há opção de não pagar essas dividas, pois o município foi penalizado. “Meu objetivo é ter uma administração que acaba quando termina, trabalhamos para que os reflexos negativos da administração atual seja mínimos no futuro”, afirma a prefeita.
O prefeito Abel Grave, também precisou destinar dinheiro a precatórios desde que tomou a frente da administração municipal de Ibirubá. Em 2017, foram pagos 800 mil em precatórios, e em 2019 foram pagos 400 mil. Segundo ele, o principal problema é a falta de entendimento técnico entre as partes anteriores que estavam na administração. A falta de conversa sobre o precatório, até mesmo na tribuna dos vereadores, entre os cidadãos e na mídia, influencia para que o assunto seja mais complexo. “É algo que acontece internamente e não se escuta, mas que prejudica, hoje deixo de investir no município para pagar precatório”, afirma o prefeito. Abel ainda destaca, que atualmente o município tem um medicamento judicial a ser pago, que gira em torno de 700 mil, que não foi pago pelo estado e acaba sendo destinado ao município pagar.
Já para a administração de Quinze de Novembro, quando o assunto é precatórios, ela respira aliviada. Segundo o prefeito Gustavo Stolte, em três anos de administração não houve nenhuma auditoria presencial, somente a distância. E isso é, segundo ele, o resultado de manter a vida saúdavel de uma prefeitura. Guto destacou, que um dos maiores impasses de uma gestão é manter o setor que administra saudável e equilibrado. “Não é bom cobrar, ou ter que tirar alguém da administração, mas as vezes é preciso, para que a prefeitura tenha condições de se manter. É nesse momento que surge os desgastes, os desentendimentos”, afirma o prefeito, que não descarta a possibilidade de candidatura em 2020.
Obras, aquisições, resultados… O que foi e não foi feito pelas prefeituras no último ano
A quem diga, que em ano de eleição as governanças começam a fazer obras, mostrar trabalho, investir na população. Mas muitas vezes que é adepto dessa opinião, desconhece, que um projeto de obra pública, leva em torno de dois anos para ser aprovado e só assim, iniciar sua execução. E muitas vezes, acaba a administração que buscou pelos projetos, eles ainda não foram aprovados.
Para a execução de muitos projetos realizados ao longo dos três anos que passaram, os prefeitos de Ibirubá, Quinze de Novembro e Fortaleza dos Valos, contaram com o apoio de deputados e vereadores, financiamentos e recursos. O recurso do pré-sal, que gira em torno de 400 mil reais e será destinado para a construção de uma área industrial em Fortaleza dos Valos, é o exemplo claro de que o recursos demoram a chegar, e sim, as vezes só são executados em ano de eleição. “Vamos adquirir nossa área industrial, que vai gerar empregos, renda, temos condições de trabalho e precisamos administrar de forma correta”, destaca Márcia.
O mesmo acontece com o prefeito Abel, a espera pela aprovação de projetos e recursos, e muitas vezes a dependência de empresas terceirizadas, atrasam a execução de projetos. No final do ano de 2019, a decisão da empresa terceirizada em adiar as obras de algumas ruas principais de Ibirubá, atrapalharam o plano de chegar ao final do ano com as ruas arrumadas por completo. No entanto, ao longo do ano ruas e estradas do anterior sofreram manutenção e melhorias.
Para Guto, existe uma cultura que impede o cidadão de analisar as coisas a fundo, como elas realmente são. “Uma obra pública dando tudo certo, demora às vezes dois anos para sair do papel. Estamos fazendo muitas obras, e o que me preocupa é quem vai manter essas obras futuramente, hoje tem muitas obras engessadas pelas formas burocráticas de condução”. destaca Guto.
Tanto para Abel, Márcia e Guto, a burocracia ajuda e ao mesmo tempo atrapalha o desenvolvimento e a administração. Ao fim da conversa, os prefeitos enfatizaram a importância da administração tanto interna, como em feitos as pessoas. Márcia destaca, que uma administração deve ser comparada com ela mesma. “Vamos comparar como iniciamos 2017 e como vamos terminar 2020”. Para Abel, fazer com que a população enxergue como o município está sendo administrado e projetos estão sendo feitos é uma dificuldade, “Quem quer enxergar enxerga, quem não quer não ve”. Guto destacou, como os desencontros, as divergências estão presentes, mas que não podem interferir em uma administração “A política pode ser a arte da transformação, se eu fosse a cada dia prestar atenção em quem fala mal da administração não teria conseguido tantos ganhos neste ano”