A reportagem "Benzimento: Uma Tradição Anciã no Tempo de El Niño" explora a persistência de uma prática antiga, o benzimento, como uma fonte de conforto e esperança em meio às incertezas trazidas pelo fenômeno climático El Niño. Entrevistando Seu Nabor Faria, um ibirubense de 84 anos, relata a reportagem do Jornal O Alto Jacuí e Rádio Cidade 104.9 o seu conhecimento,sobre essa tradição de "benzer o tempo" oferecendo uma perspectiva única sobre fé, cura e proteção.
Enquanto El Niño traz consigo temporais e incertezas meteorológicas, há uma antiga prática que persiste como uma fonte de conforto e esperança para muitas pessoas: o benzimento. Em meio às preocupações com os efeitos do clima e os transtornos que podem trazer, o conhecimento tradicional encontra espaço para oferecer alívio e proteção.
Para entender melhor essa prática ancestral e como ela se relaciona com o contexto atual, entrevistamos Seu Nabor Faria, um respeitado benzedor de 84 anos da cidade de Ibirubá. Com uma vida repleta de experiências diversas, Seu Nabor compartilhou sua jornada e seu conhecimento, revelando uma perspectiva única sobre fé, cura e espiritualidade.
Desde jovem, Seu Nabor demonstrou uma curiosidade insaciável e uma habilidade autodidata impressionante. Ele se tornou autodidata em diversas áreas, e atuou por décadas no jornalismo e na contabilidade. No entanto, foi através de suas experiências pessoais e espirituais que ele descobriu sua vocação como benzedor.
Seu Nabor relata sua primeira experiência com o benzimento depois de sofrer com um torcicolo persistente. Descreve como, após receber as bençãos de uma benzedeira local, seu desconforto desapareceu milagrosamente. Desde então, ele testemunhou e realizou inúmeras benzeduras, incluindo uma simpatia contra tormentas, destinada a proteger as pessoas e minimizar os danos causados por tempestades.
Ao longo dos anos Nabor acumulou uma vasta experiência, ajudando a comunidade com suas habilidades de benzedura. Ele acredita que o poder do benzimento vai além do físico, atuando também no aspecto psicológico das pessoas. Embora não possa oferecer uma explicação científica, ele confia na eficácia dessa prática e na importância da fé e da bondade como formas de cura.
Nabor compartilhou uma simpatia contra tormentas que aprendeu ao longo dos anos. Ele explicou que, quando uma tempestade se aproximava, as pessoas buscavam sua ajuda para minimizar os danos. Com humildade, ele descreveu o processo: "Eu comecei a fazer uma simpatia contra tormentas, para que não fossem muito violentas e não causassem prejuízos, especialmente para aqueles com menos recursos. Preservar o máximo possível."
Essa simpatia, segundo ele, não envolvia rituais elaborados, mas sim a crença e a intenção. "Você acredita que resolve, e sua mente, sua vontade, seu íntimo, dizem que resolve", explicou ele. Embora não pudesse oferecer uma explicação científica, Nabor confiava na eficácia dessa prática e na importância da fé como forma de cura.
Na busca por compreender a relevância do benzimento em meio às adversidades, o octogenário Nabor Faria, um verdadeiro guardião de saberes tradicionais, revela sua perspectiva singular. "Acredito que ambos agem principalmente em cima da parte psicológica da pessoa", analisa, destacando a importância do aspecto mental no processo de benzimento.
Compartilhando suas experiências marcantes, ele narra: "Você acredita que resolve, e sua mente, sua vontade, seu íntimo, dizem que resolve", ensina ele, ressaltando a influência da fé e da intenção na eficácia da prática.
Embora as tempestades possam assolar nosso caminho, o benzimento nos lembra que, com fé e determinação, podemos encontrar força para enfrentar os desafios da vida. E, quem sabe, até mesmo nos surpreender com a cura e a proteção que tanto buscamos.
