07 de maio, 2024 09h05m Destaque por Redação Integrada Rádio Cidade de Ibirubá e Jornal O Alto Jacuí

O papel da mulher no Agronegócio Brasileiro

Uma análise da Professora Dra. Vanessa Schwanke Fontana Rebelato

Estamos vivendo um momento em que o agronegócio brasileiro se tornou um dos segmentos econômicos mais evolutivos e com maior capacidade de geração de riquezas, e consequentemente uma das formas de redução de disparidades sociais.
Os dados do agronegócio brasileiro são surpreendentes. Segundo a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a taxa de crescimento do PIB agropecuário, publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), têm sido elevadas nos últimos anos, impulsionado pelo protagonismo da soja nas demandas dos principais países importadores, especialmente China e Estados Unidos. A cadeia produtiva é responsável por mais da metade das exportações e por cerca de 25% do produto interno bruto brasileiro. Este avanço é decorrente do uso intensivo de tecnologias e transformações digitais, associadas a técnicas inovadoras de cultivo de solo, insumos e sementes melhoradas, bem como ao uso da agricultura de precisão e de drones.
Com o avanço da tecnologia e implementação da mesma no agronegócio, as mulheres têm conquistado cada vez mais espaço e reconhecimento no setor agrícola, atuando como produtoras, pesquisadoras, desenvolvendo novos sistemas de automação, entre tantas outras áreas. Elas têm desempenhado um papel crucial no desenvolvimento sustentável do agro brasileiro. O envolvimento direto na produção agrícola tem sido um fator de destaque e contribuído para a melhoria das condições de vida no campo, onde se tornam agentes de mudança, promovendo o empoderamento feminino, a igualdade de gênero e a inclusão social nas áreas rurais. 
As mulheres têm contribuído para o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, com foco na redução do uso de agroquímicos, na conservação dos recursos naturais e na promoção da agro biodiversidade. Seu trabalho tem sido fundamental para a busca de soluções inovadoras que conciliam o aumento da produtividade com a preservação do meio ambiente. Destacam-se também na pesquisa de culturas com foco nas mudanças climáticas, buscando variedades resistentes a pragas, doenças e estresses hídricos. Seu conhecimento e dedicação têm sido fundamentais para garantir a segurança alimentar em um contexto de desafios climáticos cada vez mais complexos, tendo destaque ainda nas ações de extensão rural, levando conhecimento e tecnologia para os diversos setores do agro.
Para impulsionar o desenvolvimento econômico e social das comunidades rurais é essencial a valorização do empreendedorismo rural feminino. Reconhecer e promover o trabalho das mulheres empreendedoras, incentivando sua participação é fundamental para fortalecer suas atividades e ampliar seu impacto. As mulheres no empreendedorismo rural estão mostrando seu potencial e sua capacidade de liderança. Seu sucesso inspira outras mulheres a seguir seus passos, fortalecendo a igualdade de gênero e impulsionando o desenvolvimento sustentável do meio rural. Isso demonstra a importância do incentivo a programas e políticas que promovam a participação feminina em todas as áreas do agronegócio, incluindo a agricultura, a pecuária e a gestão agrícola. 
Eu tenho uma história e trajetória no Agro, construída com trabalho árduo e de muitos desafios superados.  Sou Engenheira Agrônoma, formada pela Universidade Federal de Santa Maria há mais de 20 anos, e após concluir a graduação fiz o mestrado e doutorado pela mesma instituição, sendo que após 11 anos de estudos (5 anos de graduação + 2 anos de mestrado + 4 anos de doutorado) obtive o título do qual tenho grande orgulho – o de Doutora em Engenharia Agrícola. 
Há mais de dezesseis anos sou professora universitária na Unicruz, nos cursos de Agronomia e de Engenharia Ambiental e Sanitária. Sou esposa de produtor rural com muito orgulho, tendo a base familiar desenvolvida no agro e passo esse amor aos meus filho Francisco e Maria Valentina, para que por suas vontades próprias façam a sucessão familiar, como tem acontecido a várias gerações na família do meu marido Rogério Rebelato. Tenho uma longa caminhada no agro e tenho muito orgulho disto, pois os desafios foram e são muitos, além de muitas barreiras a serem rompidas constantemente. Hoje tenho o reconhecimento neste setor tão importante para o desenvolvimento do País, através de premiações a níveis nacionais, estaduais, regionais e municipais.
Concluo com a certeza de que a dedicação, a perspicácia e o engajamento feminino das mulheres fazem a diferença nas suas atividades, além do uso de novas tecnologias, que tem contribuído muito para facilitar o trabalho das mulheres no campo. Todos estes pontos têm fundamental importância para o crescimento do número de mulheres desenvolvendo funções voltadas ao agro, tanto nas lideranças como nas funções operacionais. Dessa forma, as mulheres continuarão exercendo um papel fundamental na produção de alimentos, na preservação do meio ambiente e na construção de um setor agrícola com igualdade e prosperidade para as próximas gerações continuarem desenvolvendo com progresso e sustentabilidade.

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