
Neste final de semana, o Bairro Progresso se enche de fé, confraternização e memória viva com a realização da tradicional festa da Comunidade São José Operário. Mais do que um evento religioso, a festa marca décadas de união, voluntariado e devoção que deram origem e sustentam até hoje uma das mais ativas comunidades católicas de Ibirubá.
O que começou como uma simples reunião de jovens em busca de espiritualidade transformou-se em uma das mais vibrantes comunidades católicas de Ibirubá. A trajetória da comunidade remonta ao início dos anos 1980, quando um grupo de jovens se reunia regularmente para rezar, cantar e debater temas de interesse. Mas logo perceberam que precisavam de algo a mais: um espaço onde a fé pudesse ser vivida em comunidade. Foi então que, em 12 de fevereiro de 1982, cerca de 100 pessoas se reuniram na oficina do Sr. Vilmar Guedes. Naquele encontro histórico nasceu oficialmente a Comunidade São José Operário, e Elisaldo Campos Escobar foi eleito o primeiro coordenador.
“Tudo foi feito com muito esforço e cooperação. Não havia sede, nem igreja, nem salão. Reuniões eram feitas nas casas dos moradores, como na oficina do Trenephol e na residência do Sr. Domingos Doneda”, conta Douglas Rodrigues, integrante da coordenação atual.
Em 17 de março de 1982 a comunidade conseguiu adquirir um terreno com o apoio da Paróquia. Em setembro, deu-se início à construção do primeiro salão, usando madeira reaproveitada de uma casa antiga. O local se tornou o coração das celebrações religiosas e encontros comunitários.
Durante os primeiros anos, lideranças como Luís Barbosa (primeiro animador de comunidade), Irmã Maria Xavéria e o seminarista Padre Silvestre foram fundamentais para o crescimento espiritual do grupo. A irmã, que veio de Não-Me-Toque e se tornou figura histórica no bairro, era conhecida por sua perseverança incansável, mesmo com idade avançada.
“A Irmã Xavéria andava de casa em casa, sob sol ou chuva. Era uma mulher das estradas, incansável na missão de evangelizar. Ela foi essencial para a organização da catequese, da liturgia e da própria estrutura da comunidade”, afirma Elisabeth Nasário, membro da equipe litúrgica e uma das organizadoras da festa.
A escolha do padroeiro também foi um momento decisivo. Inicialmente, cogitaram São Cristóvão ou São João Batista. Mas, orientados por lideranças pastorais, em 1985 a comunidade escolheu São José Operário — símbolo do trabalho, da justiça e da família.
Nos anos seguintes, a comunidade deu saltos importantes: a catequese foi implantada no bairro, a pastoral da criança passou a atender famílias carentes e a construção da igreja iniciou em 1993, em mutirão. O templo foi inaugurado em 30 de maio de 1999, após seis anos de trabalho intenso.
“A construção foi feita com doações, trabalho voluntário e muita fé. Cada tijolo daquela igreja tem o suor do nosso povo”, reforça Douglas.
Entre as marcas da comunidade estão eventos como as Missões Populares Diocesanas de 1999, o Acampando com Jesus Cristo, realizado anualmente desde 2008 com crianças e jovens, além das tradicionais festas do padroeiro em maio e de confraternização em novembro.
Hoje, a São José Operário realiza celebrações todos os sábados, mantém grupos de família ativos, catequese infantil e de adultos, equipe vocacional, ministros, pastoral do batismo e investe constantemente na formação de novas lideranças.
“A gente não parou no tempo. Estamos construindo o futuro com base no passado. Queremos ser uma igreja cada vez mais acolhedora”, afirma Elisabeth.