
Goleiro de 21 anos superou dificuldades longe de casa, estreou no profissional pegando pênalti em semifinal e hoje soma títulos e contratos importantes no Amazonas e em Roraima
A história de Luís Henrique Luthemeier Wendling, 21 anos, é marcada por coragem, persistência e superação. Natural de Selbach, o jovem goleiro hoje ostenta títulos, atuações destacadas e contrato profissional, após uma jornada que começou nas quadras do interior e ganhou proporções nacionais com passagens por clubes do Amazonas e de Roraima.
Filho do ex-jogador Andrezão e da professora de educação física Ester Luthemeier, o talento para o esporte vem de berço. “O pai foi multicampeão no amador e sempre foi um exemplo para mim. A mãe jogou vôlei e é professora de educação física. O esporte tá na veia”, afirmou Luís Henrique em entrevista à Rádio Cidade.
Ele iniciou no futsal da Ames em Selbach, e logo se destacou na ASIF, de Ibirubá, onde foi campeão regional sub-15 em 2019. Com 1,90m de altura, trocou a linha pelo gol ainda na infância.
“Pensei: tem menos goleiro que jogador de linha, a chance é maior. E deu certo. Meu pai achou que eu ia desistir, mas gostei e nunca mais saí do gol.”
Aos 14 anos, fez teste na Chapecoense, onde permaneceu por alguns meses. “Fui sozinho, não conhecia ninguém. Chorava de saudade. Mas foi importante pra amadurecer.” Mais tarde, jogou pelo Lajeadense, onde disputou o Campeonato Gaúcho sub-17. Em 2021, atuou pelo Passo Fundo no sub-20, mas perdeu espaço após troca de comissão técnica. “O novo treinador trouxe o goleiro dele. E eu, sem empresário, acabei dispensado.”
De volta a Selbach, conciliou a faculdade no IF de Ibirubá com o futsal no San Lorenzo. O desempenho chamou atenção do Guarani de Espumoso, onde reencontrou o goleiro Gaúcho e integrou o elenco adulto.
A virada veio no fim de 2023. Com apoio do conterrâneo Paulo Roberto Junges, o Gauchinho, ex-jogador do Grêmio, recebeu convite para atuar no Monte Roraima, clube recém-criado. “Assinei como quarto goleiro, sem muitas expectativas. Mas na semifinal do estadual, o titular pediu dispensa e eu fui escalado.”
Na estreia profissional, brilhou: defendeu um pênalti com apenas oito minutos de jogo. A partida terminou empatada, mas a equipe foi eliminada nos pênaltis. A data ficou marcada por outro motivo: durante o jogo, seu avô paterno faleceu. “Ele tinha assistido minha estreia, viu a defesa e foi para casa feliz. Passou mal do coração. Nunca vou esquecer.”
O desempenho rendeu renovação de contrato até 2025 e a participação na Copa São Paulo de Futebol Júnior em janeiro deste ano. O Monte Roraima foi eliminado ainda na fase de grupos, mas Luís Henrique se destacou com grandes defesas. “Era um time novo, sabíamos das limitações. Mesmo assim, foi uma grande vitrine.”
Sem calendário após o estadual, recebeu convite do técnico do Monte, que havia assumido o Itacoatiara FC, no Amazonas. Luís topou e virou titular. Em seis jogos, foi eleito craque da partida três vezes e brilhou nas semifinais e na final, com duas defesas de pênaltis em cada jogo. O clube conquistou o título da Série B amazonense e o acesso à elite estadual.
“O título no Amazonas foi minha maior conquista até agora. Assinei contrato profissional, joguei como titular e ganhei experiência. Fui do quarto goleiro à referência da posição em menos de um ano.”
Hoje, sem clube, Luís Henrique aguarda propostas para o restante da temporada. “Meu foco é seguir no profissional. Treino, me preparo e estou pronto. Já mostrei que posso ir além.”
Com personalidade, humildade e determinação, Luís Henrique Wendling é um nome para se acompanhar