Na noite anterior à invasão do Dia D, na 2ª Guerra Mundial, um nervoso Franklin Roosevelt perguntou à esposa Eleanor como ela se sentia por não saber o que aconteceria a seguir.
“Ter quase sessenta anos e ainda se rebelar contra a incerteza é ridículo, não é?” ela disse.
Cada vez concordo mais com ela. E, num mundo globalizado como o atual, onde cada vez mais temos menos certeza das coisas, fica ainda mais insano não abraçar a incerteza como parte do planejamento.
Enquanto você lê esse texto – a inflação é a mais alta em 27 anos, taxas de juros crescentes, muitas ações de tecnologia caindo mais de 50%, uma guerra na Ucrânia, cadeias de suprimentos quebradas, uma pandemia persistente, China em lockdown, e assim por diante – parece que a incerteza econômica está aumentando, talvez a maior incerteza em anos.
Essa é a palavra mais comum para definir o atual momento, pelo menos. Muitas coisas não estão apenas ruins, mas piores do que o esperado, que é quando os problemas se transformam em pânico.
Mas a ideia de que a incerteza é maior agora do que era, digamos, há um, dois ou cinco anos é estranha. Isso implica que o futuro era mais previsível no passado, antes que a pandemia ocorresse, a inflação disparasse e a guerra eclodisse. Mas não era, claro. Os riscos sempre existiram. As pessoas estavam simplesmente cegas para eles.
O futuro é sempre infinitamente imprevisível. O que muda não é o nível de incerteza, mas o nível de complacência das pessoas.
Existe uma teoria na psicologia chamada realismo depressivo que diz que as pessoas deprimidas têm uma visão mais precisa do mundo porque são mais realistas sobre o quão arriscada e frágil é a vida.
À medida que as pessoas olham para a economia, provavelmente é isso que está acontecendo agora. A incerteza não aumentou este ano; a complacência caiu. As pessoas estão mais conscientes de que o futuro pode seguir qualquer caminho, que o que é próspero hoje pode evaporar amanhã, e que as previsões que pareciam seguras há alguns meses podem parecer malucas hoje.
Sempre foi assim. Mas agora estamos bem cientes disso.
Viver os últimos dois anos e ainda se rebelar contra a incerteza é ridículo, não é?
Bons investimentos e conte comigo!