22 de julho, 2022 23h07m Notícias Gerais

Plano Safra é considerado razoável para o momento econômico e político do Brasil

Mesmo com alta de 36% em relação ao ano passado, recursos podem não corresponder ao aumento do custo das lavouras 

O Plano Safra 2022/2023 teve um aumento de 36% em relação ao plano anterior. Serão disponibilizados R$ 340,88 bilhões.

Do total de recursos disponibilizados, R$ 246,28 bilhões serão destinados ao custeio e comercialização, uma alta de 39% em relação ao ano anterior.

Outros R$ 94,6 bilhões serão para investimentos, um incremento de 29%. Para Elmar Konrad, sócio proprietário da Epagre e vice-presidente da Farsul, o setor agrícola se encontra em uma situação delicada.

Por mais que os valores do Plano Safra tenham aumentado, os custos das lavoursa dobraram e além disso, os produtores ainda precisam conviver com os efeitos da última estiagem.

O plano safra tem pontos positivos e outros que deixaram a desejar, é razoável de forma técnica e para o momento político. Estamos no fio da navalha, há dois anos atrás o preço da soja estava em 88, plantamos com adubo de milho. A soja dobrou de preço na colheita, deu uma boa rentabilidade, mas depois o preço dos insumos e dos preços também dobraram, custos elevados que é um problema mundial”, explica. 

Como observa Elmar, o custo alto dos insumos foi impulsionado pela pandemia, falta de energia na Europa e o aumento no valor do seguro.

Tudo aumentou, o preço teria que evoluir na próxima safra, teria que ter essa compatibilidade. Mas sabemos que estamos em um cenário de instabilidade política, cambial, recessões e tudo pode acontecer”, afirmou. Para Elmar, quem realizou vendas futuras acabou perdendo dinheiro.

Em anos anteriores se perdia uma média de R$15,00 nesse tipo de venda, e hoje se perde R$80,00. 

Aumento do preço do seguro 

O aumento do valor do seguro agrícola e a diminuição das áreas de cobertura também é uma pauta que preocupa a classe.

Elmar destaca que foi o seguro que salvou os gaúchos da última estiagem, no entanto as seguradas estão com dificuldades de achar resseguradoras.

No Rio Grande do Sul são apenas duas seguradoras que atuam, a Brasil Sag e a Agro Brasil. Em um evento promovido pela Farsul, esse aumento que dobrou foi questionado aos diretores. Uma das justificativas é a quebra de safra, que vai reduzir a média.

Por ser o último Estado a contratar o seguro, o Rio Grande do Sul acaba por ficar com um valor menor.

“A subvenção ajuda a bancar o seguro, então as entidades precisam buscar, pois o Rio Grande do Sul é o último a receber e quando o cobertor é curto falta nos pés”, pontuou. Quem não possui o seguro acaba arcando com o custeio e anos subsequentes. “É uma situação que estamos com muita instabilidade, mas mesmo assim o seguro é a melhor opção”, afirma. 

Pronaf e Pronamp 

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O Pronaf (Programa Nacional da Agricultura Familiar) e o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural)  também tiveram aumento nos limites de 36%.

No entanto, Elmar explica que aqueles produtores beneficiados pelo Pronaf aumentaram o custo da produção, mas a receita não teve esse aumento.

“A receita bruta nas atividades do Pronaf é de 250 mil, o custo dessas lavouras aumentou, mas esses 250 mil não. Então terá muitos pronafianos que vão para o Pronamp”, explica. 

Período do vazio sanitário 

Para diminuir os prejuízos causados pela ferrugem, o Ministério da Agricultura lançou uma portaria que prevê o vazio sanitário.

Na prática, 90 dias antes de iniciar o plantio de soja, que inicia este ano em 11 de outubro, todas as plantas devem estar com os “esporros” mortos.

Quem não respeitar esse período e não tiver essa atenção pode sofrer com multas.

Temos que ter 90 dias de intervalo entre plantas vivas e mortas para cortar o ciclo de geração de esporos. Se não podemos perder a soja para a ferrugem asiática”, explicou Elmar. 

Culturas de inverno 

Segundo Elmar, no Rio Grande do Sul apenas 9% da área de plantio do verão é ocupada no inverno. Ele observa a necessidade de suprir a demanda do milho através dessas culturas.

“A demanda para manter aves, suínos e pecuário é em torno de 7 milhões de toneladas que podem ser substituídas por culturas de inverno, que não sofrem com problemas de seca. Estamos trabalhando com outras instituições para impulsionar isso”, destaca. 

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