27 de junho, 2022 22h06m Notícias Gerais

Dulci Liane Belló - Uma história de superação

Ibirubense venceu a Covid-19 e hoje considera ter duas datas de aniversário, 8 de setembro e 8 de junho 

A Covid-19 mudou muitas vidas, deixou muitas sequelas físicas e emocionais. Uma dessas vidas e rotina que foram impactadas pelo vírus é a da ibirubense Dulci Liane Belló.

Em um dia de outono, no mês em que celebra sua segunda data de aniversário, ela contou e eternizou sua história na Rádio Cidade e Jornal o Alto Jacuí. 

Dona Dulci foi contaminada pelo vírus no ano passado, sua data de aniversário é 8 de setembro, mas considera que nasceu de novo em 8 de junho de 2021.

Quando foi contaminada pelo vírus logo foi internada no Hospital Annes Dias. O primeiro sintoma, a coriza.

“Fui fazer o teste por insistência da minha filha, deu positivo. Quem me deu o resultado foi o Dr. Carlos no Postão. Fui internada no hospital, entubada graças ao Dr. Jeferson, que me deu o tempo até chegar a Porto Alegre”, relembra. 

Pela gravidade do quadro, Dona Dulci precisou ser transferida e o único leito encontrado foi no Hospital Conceição, na capital.

Não foi permitido que nenhum acompanhante fosse junto, mas chegando lá era necessário uma assinatura para a internação na CTI. Um parente distante, residente em Porto Alegre foi quem assinou. 

Durante os dias de internação que ficou no inconsciente de Dona Dulci foi uma conversa que teve com um compadre sobre uma empresa de Ibirubá e também, um programa de televisão que assistiu e que falava sobre a cantora Karol com K.

Na minha cabeça era essa empresa, que tinha conversado sobre com o meu compadre que tinha me internado. Quando a minha filha parou de mandar vídeos das minhas netas, eu acordei. Lembro que nessa espécie de sonho eu chamava pela Cláudia minha filha, mas ela dizia que não era Claúdia, que era Karol com K. E foi quando eu ouvi aquele eco do K e acordei já no quarto”, relata Dona Dulci. 

Durante esse período ela também sente que esteve junto a presença espiritual do filho Fabrício, falecido há alguns anos.

“Sinto que ele cuidou de mim, que ele me passava essa força que era para eu ficar aqui, que tinha muito o que fazer. Quando acordei senti a presença dele no quarto”. 

A sensação de estar em um sonho, observando a situação de fora, em outra realidade, foram na verdade os dias de angústia e luta pela vida.

Quando acordou a vida de Dona Dulci tinha mudado e ela nem imaginava. Lúcida, respondendo pelo comando dos médicos, ela teve um reencontro emocionante com a filha Cláudia.

Momento que fez ela ter certeza que tudo que acontece é uma proposta de Deus.

“A Cláudia conta que se preparou desde Ibirubá, como iria conversar comigo, o que iria me contar. Quando ela chegou no hospital ela se deparou com uma outra paciente que estava no quarto, debilitada, sem falar. Ela encostou na porta, achou que era eu mas eu disse “Oi Claúdia”, quando entrou veio correndo e me abraçou. Choramos muito e ela disse que tinha feito as pazes com Deus, pois ela tinha desacreditado em Deus desde que o Fabrício faleceu”, contou emocionada. 

Um momento que vai ser guardado e lembrado eternamente pela família.

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“Tive que passar pelo Covid, quase morrer para minha filha recuperar a fé. Isso mostra que tudo tem um porquê", afirma.

Ao retornar para Ibirubá, depois de 26 dias, Dona Dulci precisou ir para o hospital alguns dias, mas retornou para casa com uma recepção calorosa e cheia de carinho.

Nem ela mesmo imaginava que era tão querida pela comunidade.

“Não é a mesma Dulce que voltou pra casa, sempre fui uma pessoa com fé e ela aumentou ainda mais. Tenho certeza que tem uma força superior acima de nós”, afirma.

O medo de não voltar a caminhar e as sequelas da Covid foram vencidas pelo acompanhamento profissional de fisioterapeutas e os médicos do município, como o Dr. Etiane. 

Dona Dulci dedicou parte da sua vida ao Banco do Brasil, concursada desde 1985, fez o concurso quando estava grávida do primeiro filho, ela trabalhou anos na carteira agrícola e depois no caixa.

No entanto, toda essa dedicação não parece ter  sido significativa. Aos 67 anos ela ainda não conseguiu a aposentadoria, que é paga pela Fundação dos Associados.

“Tenho até vergonha de dizer que não recebo, de não poder usufruir com as minhas netas”, conta. 

Mas as dificuldades são pequenas frente a gratidão por estar viva e ter nascido de novo.

A reflexão de Dona Dulci deixa, além de brincar que renasceu no dia do aniversário do genro, é que as pessoas nunca desistam de lutar pela vida. “Não entreguem os pontos, 50% a medicina faz, os outros 50% nós fazemos.

Tudo tem um porquê. Estou feliz por estar viva, podia escrever um livro de tudo isso”, afirma a mãe de Cláudia, Fábio e Fabrício. 

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