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Ibirubá celebra mais uma conquista na área da saúde com a formatura de Ketlin Sauer, jovem de 25 anos que acaba de se tornar médica pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). A jornada até o diploma foi longa e exigiu muito esforço, mas o sonho, que começou ainda na infância, se concretizou com o apoio da família e uma determinação inabalável.
Filha de Sidenei Antônio Sauer, conhecido como “Simica”, e Dagemar Sauer, Ketlin cresceu no bairro Unida, em Ibirubá. Desde pequena, demonstrava interesse por áreas da comunicação e pela medicina, mas foi na adolescência que teve certeza da escolha. “Sempre gostei de conversar, mas a ideia de cuidar das pessoas foi o que realmente me encantou na Medicina. Nunca tive um plano B”, conta.
Depois de estudar no Sinodal, Ketlin encarou dois anos de cursinho em Passo Fundo, enfrentando a intensa concorrência do vestibular de Medicina. A primeira tentativa na Universidade de Passo Fundo (UPF) não teve sucesso, o que a levou a buscar outras alternativas. Em meio a essa busca, chegou a ser aprovada para uma universidade em Tubarão (SC). O destino, no entanto, reservava um caminho mais próximo de casa. Em uma das últimas provas do ano, Ketlin foi aprovada na UNISC, em Santa Cruz do Sul. “Foi um alívio. Fiz uma prova tranquila, me senti segura e deu certo. Tudo aconteceu da forma como tinha que ser”, relembra.
Os desafios da graduação e o impacto da pandemia
A faculdade trouxe momentos de alegria e também de dificuldades. No segundo semestre, Ketlin enfrentou sua pior nota e um dos períodos mais desafiadores do curso. Além disso, a pandemia da Covid-19 impactou diretamente sua formação, principalmente no aprendizado prático com pacientes. “Tivemos que aprender semiologia médica em casa, treinando em familiares, porque os hospitais estavam fechados. Quando voltamos, tivemos que recuperar esse tempo perdido”, explica.
Dois pacientes, em especial, marcaram sua trajetória: um idoso carismático que faleceu após uma cirurgia cardíaca e uma senhora vaidosa que sempre a esperava de banho tomado e perfumada. “Eles me ensinaram muito. Criamos laços e quando partiram, senti muito. A medicina é feita de ciência, mas também de empatia e humanidade”, reflete.
A vida profissional e os planos para o futuro
Recém-formada, Ketlin já está atuando em diversas unidades de saúde. Hoje, trabalha no Hospital Santa Cruz, no Hospital Veracruz e faz plantões em Venâncio Aires e Rio Pardo. Além disso, também acompanha pacientes em transportes de ambulância. “Está corrido, mas sou grata por já estar atuando na área que escolhi”, diz.
A jovem definiu sua especialização: quer seguir na cirurgia geral e, depois, se especializar em urologia, uma área ainda predominantemente masculina. “As pessoas acham que urologia é só para homens, mas não é. Mulheres também deveriam procurar um urologista. Quero me especializar nessa área e oferecer esse atendimento”, explica.
Embora tenha fixado residência em Santa Cruz do Sul, Ketlin não descarta a possibilidade de voltar a atuar em Ibirubá no futuro. “Quero fazer minha especialização primeiro, mas minha cidade sempre estará no meu coração. Sei que há demanda por essa área e quero, um dia, contribuir com a saúde da minha terra”, finaliza.
Família, apoio e a emoção da formatura
A realização do sonho de Ketlin foi possível graças ao esforço conjunto da família. Desde cedo, seus pais se organizaram financeiramente para garantir que a filha pudesse estudar sem precisar de financiamento. Seu pai, “Simica”, chegou a construir uma casa que mais tarde foi vendida para custear as despesas da faculdade. “Eles sempre me disseram que fariam tudo para que eu não saísse da faculdade com uma dívida. E conseguiram”, conta emocionada.
O dia da formatura foi um dos mais especiais para Ketlin e sua família. “Meu pai chorou de Ibirubá até Santa Cruz, chorou na missa, chorou na colação e chorou na festa”, brinca. O momento de subir ao palco e receber o diploma foi marcado por um sentimento único de felicidade e gratidão. “Eu nunca tinha sentido aquilo antes. Foi o dia mais feliz da minha vida. A sensação de dever cumprido, de conquista, foi indescritível”, relembra.
Agora, Ketlin inicia sua trajetória profissional com determinação e foco, levando consigo o aprendizado, a paixão pela medicina e o orgulho de representar sua cidade natal na área da saúde.