09 de maio, 2022 21h05m Colunistas

Coluna Gustavo Ribas - A diferença entre ser rico e ter riqueza

O dinheiro é fungível, ou seja, minhas notas de reais são indistinguíveis das suas. Elas podem ser substituídas por outras na mesma quantidade e valor.

Mas a percepção de valor que as pessoas têm de R$1,00 varia muito, mesmo entre pessoas com a mesma renda e patrimônio líquido.

Sempre me interessei pela diferença entre ficar rico e permanecer rico. Essas são coisas completamente diferentes, e muitas pessoas que são boas na primeira não são boas na segunda.

Para mim, ser rico significa que você tem dinheiro para comprar coisas. Já a riqueza significa que você tem economias e investimentos não gastos que proporcionam algum nível de felicidade, controle do seu tempo e o poder de fazer o que quiser e quando quiser fazer.

A questão é viver uma boa vida, grandiosa em todos os sentidos, ser valorizado por seus atos, por quem você é e o que construiu. Não ser valorizado apenas e unicamente pela posse do dinheiro (rico).

A vida deve ser construída sobre o dinheiro, mas não baseada em dinheiro; e aqui mora uma grande diferença.

William Dawson escreveu em seu livro, de 1903, The Quest for the Simple Life:

“O que menos se percebe sobre a riqueza é que todo prazer no dinheiro termina no ponto em que a economia se torna desnecessária. O homem que pode comprar tudo o que deseja, sem consultar seu banqueiro, não valoriza nada do que compra”.

Nassim Taleb disse algo semelhante: "Os registros mostram que, para a sociedade, quanto mais ricos nos tornamos, mais difícil é viver dentro de nossas possibilidades. A abundância é mais difícil de lidar do que a escassez". Você se torna vítima de seu próprio sucesso.

Eu poderia citar aqui várias famílias ricas que passaram por isso, mas acho que eles são apenas uma versão ampliada do que muitas pessoas comuns enfrentam hoje. A renda familiar mediana ajustada à inflação mais que dobrou nos últimos 70 anos, mas não parece ser o caso, pois as expectativas mais que dobraram.

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Por exemplo: o acesso a casa própria hoje é menor do que nas gerações anteriores porque as casas são 30% maiores do que era no passado.

Outro exemplo: milhões de brasileiros não têm economias suficientes para se aposentar com dignidade, mas apenas algumas gerações atrás, todo o conceito de aposentadoria ainda era um sonho.

Eu quero ser rico porque gosto de comprar coisas boas. Mas valorizo ​​mais ter riqueza porque acho que a independência é uma das únicas maneiras pelas quais o dinheiro pode torná-lo mais feliz.

O truque é perceber que a única maneira de manter a independência é diminuir o seu apetite por coisas — incluindo status. O padrão de vida deve parar de se mover para cima, as expectativas devem permanecer sob controle.

Caso contrário, o dinheiro é muitas vezes um passivo disfarçado de um ativo, que tem mais controle sobre você do que você o usa para viver uma vida melhor.

Bons investimentos e conte comigo!

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