Ultimamente tenho observado um comportamento interessante.
Quando conheço pessoas, que estão fora do meu círculo social, normalmente surge a pergunta “e você, trabalha com o que?”, e quando respondo que “sou consultor financeiro”, as pessoas se dividem em alguns grupos.
O primeiro é aquele que acredita que os consultores financeiros são pessoas que frequentam iates, clubes de campo, jogam golfe e atendem aquelas pessoas que tem mordomo e nunca olham os preços das coisas.
Outro grupo, geralmente o maior deles, é o das pessoas que acham o assunto completamente chato e dão graças a deus quando alguém muda o rumo da prosa. Ainda tem o grupo dos que já leram todos os livros sobre o tema e tentam convencer outras pessoas a estudar também.
E tem também um grupo muito peculiar, sobre o qual eu gostaria de falar: o grupo dos investidores amadores que querem uma diquinha. Sempre questionam: nos próximos meses, qual é a melhor ação? Banco do Brasil vai subir? A Petrobrás vale a pena? E o bitcoin? Meu primo ganhou um dinheirão com isso aí. As perguntas e comentários seguem nessa linha por horas.
Vejam, esse grupo me chama a atenção não porque acho que esse tipo de interação é agradável ou desagradável, mas porque ela evidencia um traço humano muito interessante e perigoso: acreditamos que determinado aspecto da nossa vida será resolvido com uma sacada, uma dica específica, um movimento pontual. Confiamos que existe alguém, mais experiente, mais vivido, especialista em determinada área, que é capaz de soltar duas ou três frases e resolver nossa vida!
A resposta mais dura e realista para essas perguntas todas seria algo próximo disso aqui:
Eu, você, o YouTuber, seu cunhado, o meu primo, o palestrante, o jornalista, o agente autônomo da corretora, o gerente do banco, nenhum de nós tem a menor condição de antever os movimentos do mercado. Nenhum de nós tem qualquer vantagem competitiva.
Nenhum método de predição é suficientemente confiável. Os estudos sérios e estatisticamente relevantes atestam que essa euforia em torno do próximo ativo que vai subir no curto prazo é um grande cassino.
O melhor a se fazer, o que melhor funcionou até aqui, é contar com a renda variável exclusivamente para o longo prazo e acessá-la através de veículos baratos e geridos de maneira profissional.
Mas isso seria falta de educação minha, então respondo com uma versão mais polida disso, sempre fazendo com que a pessoa questione aquilo que está sendo passado. Será que o fulano não teve sorte? Será que essa estratégia é replicável em outra situação? E por aí vai...
São perguntas meio chatas que deixam claro o óbvio: não existem atalhos. Estratégias circunstanciais, que não foram colocadas à prova do tempo, que não foram testadas à exaustão, não servem para nada. São ruídos, mais atrapalham do que ajudam.
Pé no chão, amigos.
Bons investimentos e conte comigo!