Em meio às lembranças de uma época áurea do futebol varzeano, Roque Nicolodi de Campos, conhecido carinhosamente como "Roque da Várzea", narra sua trajetória de vida e seu amor pelo esporte que o conecta profundamente com a comunidade de Ibirubá. Em uma entrevista concedida ao programa Baú do Esporte, Roque revisitou momentos marcantes de sua vida e carreira, desde suas primeiras lembranças até suas conquistas como treinador.
Nascido em uma família numerosa, Roque é filho de Mateus Bento de Campos e Olívia Graminho Nicolodi, sendo um dos 15 irmãos. Cresceu perto da Ponte do Lagoão, local onde suas primeiras memórias esportivas tomaram forma. Junto aos irmãos e amigos, ele passava as tardes jogando futebol com bolas de pano ou de borracha em um campinho improvisado, marcando o início de uma paixão que o acompanharia por toda a vida.
O clube do coração e as primeiras conquistas:
O São João, clube que representa uma era dourada do futebol de Ibirubá, sempre teve um lugar especial no coração de Roque. Ele relembra com carinho o título municipal conquistado em 1980, ano em que foi eleito treinador da equipe por meio de uma votação democrática. "Foi uma experiência única", conta Roque, que comandou o time com um estilo inovador para a época, alterando posições de jogadores chave e adotando novas estratégias táticas.
Roque se destacou por sua habilidade em identificar e desenvolver talentos locais. Sob sua liderança, o São João viu emergir jogadores promissores, como Alziro e Santos. Além disso, implementou mudanças táticas significativas como a transição do tradicional esquema com três atacantes para um sistema 4-4-2, o que trouxe grande sucesso ao time. "A gente jogava bola com inteligência", explica, lembrando como suas táticas muitas vezes surpreendiam os adversários.
Durante sua carreira como técnico, Roque enfrentou diversos desafios, desde a gestão de equipes formadas por jovens talentos até a superação de grandes rivais, como a Portuguesa do Rincão Seco e o Juventude do Triunfo. Em uma das partidas mais emocionantes de sua carreira, Roque levou o Estrela do Norte às semifinais, onde quase alcançaram a final após uma performance memorável contra o Bangu. "Foi uma batalha até o último minuto", recorda.
Legado e reconhecimento:
Hoje, aos 77 anos, Roque celebra seu legado com a serenidade de quem sabe que deixou uma marca indelével no esporte de Ibirubá. Ele continua sendo uma figura respeitada na comunidade, não apenas por suas conquistas esportivas, mas também pela forma como tratava seus jogadores, sempre com respeito e humildade. "Nunca tive problemas com nenhum jogador", diz Roque, evidenciando a importância do diálogo e da confiança na construção de equipes vencedoras. Ele lembra de um episódio em Fazenda Itaíba, quando foi atropelado durante uma partida de futebol. Um susto que ficou no passado. A história de Roque Nicolodi de Campos é um testemunho da paixão pelo futebol e da capacidade de transformar essa paixão em um legado que continua a inspirar gerações. Seu compromisso com o esporte e sua comunidade fez dele um ícone em Ibirubá, onde suas contribuições para o futebol amador são lembradas com carinho e admiração.