03 de setembro, 2024 14h09m Agronegócio por Redação Integrada Rádio Cidade de Ibirubá e Jornal O Alto Jacuí

Sustentabilidade e crescimento: a visão de Dirson Gabe na piscicultura

Mais do que um negócio, a atividade é uma forma de contribuir para a segurança alimentar e a preservação ambiental

No interior de Ibirubá, no Rio Grande do Sul, a piscicultura emerge como uma atividade econômica de destaque. Entre os tradicionais cultivos de soja, trigo e milho, a propriedade de Dirson Gabe na Linha 4 e distingue pelo cultivo de peixes, uma prática que ganhou relevância desde os anos 90.

Dirson formou-se em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Santa Catarina entre 1985 e 1989, onde também se especializou em Aquacultura, focando no cultivo de animais aquáticos. Com esse conhecimento técnico, ele trouxe inovações para a piscicultura em Ibirubá, introduzindo o policultivo de carpas, uma prática pouco comum na região gaúcha. Entre 1990 e 1996, Dirson atuou na Cotribá, onde teve um papel fundamental no desenvolvimento da piscicultura local. Em seguida, decidiu empreender no segmento, utilizando açudes criados em sua propriedade em 1992 e 1993 para a criação de carpas, tilápias e traíras.
Os desafios iniciais foram significativos. A comercialização regional não absorvia toda a produção, o que levou Dirson a buscar parcerias fora do estado. Essa estratégia foi crucial para inserir seus peixes em mercados exigentes, como São Paulo, onde a demanda por peixes frescos e de qualidade era crescente. Com o tempo, sua propriedade ganhou destaque por fornecer peixes para grandes redes varejistas, como Zaffari e Walmart, o que não apenas ampliou seu mercado, mas também lhe proporcionou um conhecimento aprofundado em logística e padrões de qualidade.

A sustentabilidade é um pilar central no trabalho de Dirson. Ele adota práticas de manejo cuidadoso e tecnologias avançadas para monitorar a qualidade da água e a alimentação dos peixes, garantindo condições ideais para o crescimento saudável dos animais. Além disso, Dirson compartilha seu conhecimento com outros produtores locais, promovendo práticas sustentáveis através de programas educacionais.
Dirson também reflete sobre os desafios que a piscicultura enfrentou ao longo dos anos. Ele recorda projetos ambiciosos de processamento de peixes, que, apesar das expectativas, não tiveram sucesso, como tentativas de transformar peixes em hambúrgueres comerciais. Contudo, a introdução da tilápia, inicialmente controversa devido a preocupações ambientais, acabou se estabelecendo como uma importante fonte de emprego e renda na região, beneficiada por avanços em tecnologias de cultivo sustentável.
Sobre o futuro, Dirson planeja expandir suas operações, buscando sempre melhorar a qualidade dos peixes e explorar novos mercados. Ele acredita que a piscicultura não só fortalece a economia local, mas também contribui para a segurança alimentar e a preservação ambiental. Aos 59 anos, Dirson é casado com Joana, com quem tem quatro filhos e é avô orgulhoso de quatro netos. Ele também mantém uma relação próxima com seus três irmãos, Mirian, Nilton Luís e Ivan Jorge.
Dirson Gabe acredita na importância de políticas públicas eficazes para apoiar a piscicultura em níveis municipal e estadual. Ele menciona que, enquanto iniciativas federais impulsionaram o setor em governos anteriores, a falta de suporte consistente em níveis locais representa um desafio contínuo para os produtores. Dirson defende a criação de incentivos fiscais e programas de financiamento que facilitem o acesso a tecnologias sustentáveis e a expansão do mercado para pequenos e médios piscicultores.
Hoje, a piscicultura na propriedade de Dirson Gabe é um exemplo de como inovação e conhecimento técnico podem transformar uma atividade agrícola tradicional em um negócio de sucesso. Há uma década, a tilápia mal era conhecida no Brasil. Hoje, lidera o consumo de peixes no país, em parte graças ao trabalho de produtores como Dirson, que aumentaram sua produção semanal de 10 para 100 quilos. “A tilápia se popularizou rapidamente”, explica Dirson, destacando como o peixe, antes visto como inferior, agora é valorizado por seu filé branco, ausência de espinhas e sabor suave.Dirson compartilha No entanto, o sucesso não vem sem desafios. Dirson e outros produtores enfrentam questões ambientais, como a necessidade de práticas sustentáveis para manter a qualidade da água e o bem-estar dos peixes. 
Além de suas atividades na piscicultura, Dirson planeja investir em turismo rural, com a criação de um restaurante à beira do açude local. Ele vê essa iniciativa como uma forma de promover o desenvolvimento econômico da região, 

REPORTAGEM  REVISTA ENFOQUE 

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